terça-feira, 31 de agosto de 2010

A importância de um uniforme

É muito interessante como as roupas, as cores e os materiais de trebalho nos influenciam no nosso dia a dia, e o mais interessante ainda é observar a arte de se manipular essas influências.

Sempre que vimos alguém na rua com uma roupa laranja e uma vassoura na mão, pensamos em um... ... Gari... Quando estamos no trânsito e vimos alguém ou com a roupa marrom, ou amarela com um caderninho na mão... Guardas de trânsito... Ou quando estamos no aeroporto e vimos mulheres maquiadas com um lencinho no pescoço pensamos que são... Aeromoças... E nos três casos acima, as pessoas com essas características não necessariamente são, Garis, CETs ou Aeromoças, mas o fato de estarem vestindo determinadas roupas, usando apetrechos singulares de alguns ramos de trabalho específicos, os pré-julgamos serem.

É fatal se concordar com os argumentos acima, porém na escola, o garoto ou a garota não usarem o uniforme que representa sua escola, ou na empresa, o empregado não usar o uniforme de sua empresa por não gostar, ou não achar bonito, são coisas totalmente comuns.

Para ficar mais claro o porquê usar um uniforme, o melhor exemplo é o de uma família.

Referente ao futebol, por exemplo, se você for a qualquer país, e perguntar: Qual Seleção de roupa amarela você já viu jogar na copa do mundo (existem contando por alto 3 seleções com essa cor de uniforme)? Qual será a resposta? BRASIL.
Referente ao Kung Fu, se você for hoje, nos Estados, em Cingapura, ou na Alemanha num campeonato e perguntar: Que país que você conhece, tem competidores cuja cor do uniforme é amarela? A resposta será: Brasil !!!

Isso porque, somos uma família, e quando nosso Mestre teve a vontade de fazer com que essa escola, essa família tivesse um grande destaque no meio Kungfuísta, estipulou que a cor que iria nos representar seria a amarela, e isso fez com que hoje, nossa escola seja uma referência em vários lugares, por exemplo, na televisão, no Youtube, e principalmente diante de escolas de Kung Fu e outras artes marciais de outros países.

O mais legal disso tudo é que hoje, tendo mais de 1500 alunos na rede, conseguimos a qualquer momento, em qualquer evento, nos portar de fato como família, afinal, quem compete, tem o Yi-fu (roupa kungfuísta) amarelo com a calça preta, e quem não gosta de competir, mas gosta da escola e de estar em meio aos seus, tem a blusa de agasalho amarela, a camiseta de passeio amarela, e a calça de agasalho preta.

*por William Costa - TSKF Consolação/TSKF Demo Team

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

A Nova Mentalidade

E mais um exame se passou...A grande maioria dos alunos conquistaram suas novas faixas, não sem antes passarem pelo teste diante dos demais alunos, instutores e nosso Mestre.

Vi algumas carinhas bem conhecidas neste exame, em especial, e foi bom ver todos passando para uma nova etapa de sua vida no Kung Fu. É importante que mantenham, porém, a atitude de ter uma nova mentalidade.

Quando se inicia uma nova etapa, em qualquer área da vida, é importante que se carregue todas as experiências obtidas até aqui com você. Quem passou para a faixa verde, por exemplo, não deve esquecer de como executar um bom Fu Xin Chuan ou ainda não deve deixar de treinar os Básicos de Socos, para trabalhar a postura e a pontaria dos socos, entre outras coisas.

Por outro lado, não se pode deixar que a mente fique "travada" no conhecimento antigo, pois chegou o momento de experimentar e conhecer novas coisas, no nosso caso, novas técnicas. No nosso exemplo, é preciso manter-se aberto para aprender o Chute Saltando e o Furacão, que ao meu ver, representam um quase retorno à faixa branca, pois é preciso entender uma série de conceitos novos e também perceber-se de uma forma diferente para movimentar o corpo adequadamente. Exatamente o que acontece quando se começa em nossa escola.

Parabéns à todos que passaram de faixa no último exame e boa sorte neste nova etapa da jornada!

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

A Arte da Arte Marcial e os Sentimentos Corporais



Nosso corpo pode se manifestar de diversas maneiras diante de nossa realidade, seja por meio do trabalho, do amor, do sexo, de ações em geral e da arte.
Ao passo que analisamos a natureza e nos sentimos transformados diante de suas exuberâncias, já podemos dizer que estamos trabalhando. Para isso, é imprescindível que realizemos forças com o corpo humano.
As ferramentas, armas e máquinas nada mais são do que ampliações do poder do corpo, assim como um computador é o prolongamento de nosso cérebro, um martelo ou uma espada são o prolongamento de nossos punhos fechado.

No entanto, a forma do objeto que usamos entrelaçada com o nosso projeto de trabalho, formam uma referência a respeito do seu agir sobre o mundo. Pois um instrumento é utilizado de acordo com aquilo que conferimos: uma Lança para um caçador neolítico, não significa a mesma Lança a um atleta de Kung Fu.
Numa atividade física, a integração do sujeito com seu corpo, se torna ainda mais clara. Diferente do clichê de que exercícios promovem apenas treinamento muscular, momento de descontração e condição de equilíbrio fisiológico, um treinamento esportiva é o apelo ao aperfeiçoamento incessante, pondo em função o esforço do esportista.
Realizando movimentos físicos, abrimos uma condição essencial ao Kung Fu, pois a combinação exata de um movimento, com uma intenção que lhe propõe, transmite o tal do espírito. Ter ‘’espírito’’ é simplesmente uma produção artística, posto que arte é a realização de uma habilidade naturalmente fluente.

A arte nas artes marciais é um caso privilegiado de entendimento intuitivo do mundo, tanto para seu realizador, quanto para seu apreciador, pois com a biomecânica corporal temos que ser capazes de transmitir sentimentos.
Para que se transmita sentimento, é preciso ter emoção, ou seja, um estado psicológico que envolve agitação afetiva que te levará a uma reação cognitiva de reconhecimentos de certas estruturas do mundo.
Por tanto para quem ainda considera o Kung Fu apenas mais uma atividade física, ainda não se descobriu como artista marcial, e ainda não reconhece que o mundo está em suas mãos e basta um olhar íntimo dessa realidade para transmitirmos sentimentos que só reconhecemos em quem realmente conhece a arte.

Sandro Conte Febras


Referências:
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda ET al - Filosofando, Introdução a Filosofia - Moderna, São Paulo, 2003
PROENÇA, Graça - História da Arte - Editora Ática, São Paulo, 2004

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Ferramentas Certas

Estava eu no final de um treino do Demo Team há um tempinho atrás e me ocorreu uma súbita (e esquisita) idéia: e se as coreografias do Demo Team fossem feitas com outras armas?

Encontrei uma voluntária, tão maluca quanto eu diga-se, que é a nossa honorável Thaís lá da Unidade Campo Belo e fizemos uma troca. Enquanto eu faria a coreografia do facão usando o leque dela, ela faria a coreografia do leque, usando o meu facão.

O resultado podemos ver nos vídeos abaixo...





Quantas vezes percebemos que deveríamos ter usado outra ferramenta para executar uma tarefa? Tomar decisões com energia e de forma autoritária x decisões com sutileza e de forma diplomática. Trabalhar até mais tarde em um projeto importante x rearranjar as tarefas para trabalhar no projeto ao longo do dia normal de trabalho.

São pequenos exemplos de decisões, e ferramentas, que empregamos para fazer coisas. Mas seria bom refletirmos se de fato estamos usando as ferramentas certas no trabalho certo.

As vezes, podemos até concluir a tarefa com uma determinada ferramenta, talvez a não mais adequada. Mas não é importante encontrarmos aquela que se encaixa perfeitamente para o que precisamos fazer?



segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Domingo 09h00

A rotina funciona sempre da mesma forma: entre 08h59 e 09h00 o Mestre entra na sala de treino da Matriz e o Luiz Fabiano (instrutor do Tucuruvi), com sua entonação característica, orienta energicamente que todos se levantem e/ou tenham a devida atenção e cumprimentem o Mestre Gabriel.

A partir daí segue-se o processo que todos os alunos já conhecem para o início de uma aula na TSKF. Na verdade seria até uma aula comum, se não fosse o fato do Mestre "puxar" a aula.

Esta aula dominical é um benefício que todo aluno(a) faixa marrom em diante adquire. Esta aula não conta dentro do número de aulas do plano de cada um. Entretanto, ainda assim, muitos preferem não usar este benefício. Afinal, tem que acordar cedo aos domingos.

Naturalmente que não querer acordar cedo em um domingo é um motivo válido e compreensível para não participar destas aulas. Muitos trabalham pesado ao longo da semana, treinam, cuidam da família e diversas outras obrigações do mundo moderno. Mas citando um pensamento (ótimo) da Lourdes aqui da Vila: "Se a gente acorda cedo para fazer um monte de coisa que não gosta, por quê não podemos acordar cedo para fazer algo que a gente gosta?"

Poder treinar com o fundador da academia, com sua experiência de mais de 30 anos no Kung Fu agrega ainda mais valor técnico, uma vez que seu olhar e sua avaliação é muito rígida e precisa. Mais do que apenas treinar, é estar de fato comprometido com sua Arte.

Para muitos isso pode significar ter que abrir mão de uma balada no sábado ou de mais horas de sono no domingo pela manhã. Mas conheço exemplos de pessoas que não acham que a aula exclui outros compromissos importantes. Elas saem de sábado, mas terminam a balada um pouco mais cedo. Outros saem de sábado e vão direto para o treino no domingo (não é muito recomendado, mas vá lá). Outros ainda simplesmente escolhem outro dia para fazer sua balada.

Tudo depende da importância que vc dá para sua Arte e o comprometimento que vc decide ter. Veja que não há uma única resposta certa e universal para ir no treino ou não, tudo depende do que vc deseja priorizar.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Porque guardo fotos velhas, mas não armas velhas

Quando cheguei na academia da Vila Madalena, vi no fundo de uma gaveta alguns álbuns de fotos antigas da academia. Fotos antigas mesmo, como uma do Anderson (instrutor da Mooca) quando ele REALMENTE tinha cara de menino e por aí vai. Encontrei fotos de muitas pessoas que já não estão mais na TSKF, sejam ex-instrutores ou ex-alunos.

Eu tinha duas alternativas: ou pegava tudo e jogava fora, ou deixava à disposição de todos. Optei pelo segundo caminho...Claro, poderia ter deixado tudo guardado onde estava, mas coisas guardadas não nos ajudam a tocar o presente ajudam?

Hoje as fotos estão na secretaria e geram alguma surpresa nos alunos novos em ver caras "da antiga". Os nosso velhos de hoje também gastam algum tempo vez ou outra observando os caras que eram antigos quando eles eram novos e por aí vai...

Eu decidi manter as fotos velhas por que elas representam parte da história da academia. Cada um dos momentos retratados é um tijolo que ajudou a construir esta academia. Todos eles são importantes, mesmo aqueles que hoje não estão mais na academia. Seus bons momentos não devem ser esquecidos e os méritos não merecem ser apagados.

Por outro lado, fechamos nesta semana uma limpeza das lanças e bastões antigos. Removemos uma série de bastões que não eram de ninguém que estavam na academia até hoje, que estavam aglomerados em dois suportes de armas e dois cestos. Não sei bem quantos bastões tinham, mas era coisa pra caramba!

Mas os bastões e lanças não representam "tijolos" também?

Sim. Mas para seus donos. Digamos que a "energia" do dono está presente em cada arma. Entretanto, os feitos realizados com aquela arma (treino, competições, aprendizado) são para seu dono e não para a academia. A partir do momento que o dono deixou a academia, sua arma não significa nada para a academia em si. O correto teria sido o respectivo dono levar sua arma para casa, que está "energizada" com suas experiências e lições. Mas às vezes simplesmente queremos deixar o passado para trás ou minimizar sua importância e isso é totalmente compreensível.

Mas, sendo prático e menos filosófico, as armas eventualmente podem ser usadas por outras pessoas no seu aprendizado. Ainda assim, sempre recomendo que cada aluno tenha sua própria arma. Sua arma. Sua energia. Suas conquistas.