segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Leite nosso de cada dia





O leite está presente em nossa dieta praticamente todos os dias, seja na forma propriamente dita ou nos queijos, nas manteigas e margarinas, nos iogurtes, nas massas de bolo e pão e muitos outros alimentos que nós nem mesmo sabemos.
Somos incentivados desde crianças a consumir os derivados desse alimento tão natural que quase sempre era idolatrado pelas mamães, ‘’toma todo seu leitinho filhinho, coma essa bolachinha, quer danoninho?’’. Quando indiretamente ela está dizendo, ‘’Acabe com a vida de uma vaquinha filhinho, enriqueça quem maltrata os animaizinhos’’, e não sabe disso.

Se para você isso pareceu uma viagem sem sentido, saiba que a imprensa marqueteira nos mostra uma falsa imagem da realidade. As vaquinhas pastando nos lindos pastos verdes não estão presentes nas indústrias de laticínios. Cada animal fica preso a um cubículo cercado com uma ração especial acoplado a grandes máquinas sugadoras de leite. Poderia parar por aí, mas não tem como esses bichos produzirem leite do nada, precisam dar a luz a outro animal, de 65 a 75% dos casos por inseminação artificial. O bezerro é retirado da mãe ainda bem jovem, causando danos psicológicos nos dois animais. Caso for fêmea, que se junte ás máquinas produtoras, caso machos que se consuma a carne ou sirva para fecundar fêmeas com dificuldades na inseminação.

Deveria, mas não é só esta questão que nos remete a mudar essa fama de que leite é um alimento saudável. Ele é sim indispensável para bebês, nos primeiros meses de vida, pois fornece cálcio, gorduras importantes e anticorpos (se for materno). Mas me digam qual é o outro animal na natureza que consome leite depois do desmame? Ah sim! Gato bebe leite. Nos desenhos infantis talvez tome sim, mas na vida real quem conhece os gatos sabe o que lhe espera depois do consumo, uma disenteria na certa.

Mas e os argumentos de que o leite é nossa fonte principal de cálcio? Balela, alguns alimentos como vegetais de folha verde são tão bons ou melhores em fonte de cálcio. Além disso, o consumo elevado de leite além de aumentar significativamente nossa dieta gorda (de gorduras, dentre elas o colesterol) faz com que tenhamos excesso de cálcio no sangue, obrigando que nossos rins o filtre com mais intensidade, podendo ser inevitável á problemas renais no futuro, como cálculo.

O que dizer que idosos perdem muito cálcio dos ossos e tem osteopenia e osteoporose? Nem todos os idoso, somente aqueles que não praticam atividade física. Está provado que exercícios regulares diminuem substancialmente a perda de cálcio dos ossos nos idosos. Médicos que receitam leite para idosos, na verdade desejam que ele procure rápido um Cardiologista ou Endocrinologista, pois é certo que o aumento no colesterol será subseqüente.

Quer outro argumento? O açúcar presente no leite é a lactose (monossacarídeo facilmente digerido por crianças nos primeiros meses de vida). Pessoas de descendência asiática e africana são incapazes de digerir a lactose, e pessoas de outras origens tem somente dificuldade. Num país como o Brasil, maiores taxas no mundo de miscigenação, é impossível saber ao certo o papel que seu metabolismo vai realizar. Mas qual o problema de não digerir a lactose? Simples, esse alimento permanecerá por muito mais tempo que o normal no seu aparelho digestivo, se degradando aos poucos, criando gases que só tem duas maneiras de ser liberado, eructação (refluxo estomacal de gases) e flatulência.

Pensando nisso, você atleta não vai querer consumir leite e seus derivados antes de competições ou exames por exemplo. Saiba que se o fizer, vai ter algum tipo de problema quase que imediato e algumas vezes provocará uma sensação de desconforto intestinal.

Mais uma vez a conclusão é, mude seus hábitos nutricionais, e pratique esportes. Ter uma vida saudável é difícil só para quem quer.


Sandro Conte Febras


Referências:
• http://www.euroveg.eu
• Fisiologia do Exercício - Energia, Nutrição e Desempenho Humano - FRANK I. KATCH, VICTOR L. KATCH - 2008

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Árbitro Central não cai

Durante o treino do Time de Arbitragem deste final de semana, tivemos uma dúvida levantada: e se o Árbitro Central cair durante a luta, o que fazer?

Minha resposta foi rápida e dura: Árbitro Central não cai. Não é necessário investir tempo pensando em possibilidades que não acontecem.

Claro que a resposta é meio absurda, mas tem uma linha de pensamento que podemos aplicar para qualquer área da vida, envolvendo o Kung Fu ou não.

Naturalmente, uma pessoa atuando como Árbitro Central pode cair sim, em virtude de um desequilibrio, trombando com um ou os dois lutadores, caindo do Lei Tai, etc. Porém, se preparar para isso é um equívoco, ao meu ver.

A queda do Árbitro Central não é algo inerente à atividade, mas um risco bem pequeno comparado à outras situações enfrentadas. Se nos prendermos as pequenas possibilidades de falha e tomarmos todas as precauções para que ela não aconteça e estejamos seguros, fatalmente vamos perder na dinâmica da luta e na beleza do evento.

Todos os nossos Árbitros Centrais que trabalharam até aqui estavam devidamente preparados para assumir esta tarefa em cada evento, de forma que tinham em mãos todo o conhecimento e habilidades necessárias para desempenhar a função de forma adequada. Mais do que seguir protocolos, eles sabiam o que era preciso para que as lutas caminhassem devidamente.

Ou seja, eles sabiam onde era preciso chegar e sabiam que tinham o necessário para chegar lá.

Claro que coisas inusitadas acontecem, como da vez onde o Luiz Fabiano foi atingido no nariz por um lutador mais afoito.

A reação dele (do Luiz, não do lutador) foi algo parecido com "Árbitro Central não cai". Com o nariz sangrando e com cara de que nada disso era com ele, ele permaneceu arbitrando a luta até o final, quando fizemos um troca de árbitro, seguindo o procedimento normal (e proporcionalmente demorado). Somente após isso fizemos o corre corre com gelo, médico, avisa a família, etc, etc...

Não devemos nos preparar para enfrentar o Imponderável. Devemos nos tornar fortes para atingir nosso objetivo e, se acontecer o Imponderável, o enfrentaremos da melhor maneira possível.

Imediatamente após a conclusão do curativo, o Luiz voltou a arbitrar, mostrando que a força dele era muito maior que o receio de um novo Imponderável.

Quando tomamos a verdadeira decisão de fazer algo, nos comprometemos com aquele objetivo. Mesmo sem saber totalmente o que pode acontecer, ainda assim devemos seguir em frente até atingir o ponto que desejamos.

Mas se cair no percurso, é só levantar e continuar, aprendendo com o processo. Sendo Árbitro Central ou não.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Quebrando Pontes

Há um trecho no livro "Kung Fu – Caminho para a Saúde Física e Mental" do qual eu gosto muito. Fala sobre quebrar suas pontes.

Antigamente, muitos generais de exércitos quebravam as pontes das quais ligava os soldados às casas deles, assim o único caminho a seguir seria adiante, não haveria a menor chance de retroceder. Mas como isso se aplica ao Kung Fu?

Uma das palavras chaves disso é comprometimento. É certo que o seu instrutor com certeza já falou disso alguma vez ao final de alguma aula ou em particular. Ao se comprometer em passar por alguma situação, seja fazer exame, uma demonstração, participar de campeonatos entre tantas outras coisas dentro do Kung Fu, você faz um elo de compromisso entre você a situação. Esse elo, se for respeitado, fará você arranjar forças suficientes até que sua missão seja então cumprida.

A cilada nessa história é: muita gente acaba gerando esse elo, e pela dificuldade, medo ou vergonha acaba quebrando-o para continuar na zona de conforto, ou seja, no fundo, não quebrou sua ponte.

Procure seguir no Kung Fu compromissos dos quais você não volte atrás até alcançá-lo. Seja algo simples como cumprir o horário três vezes por semana ou até algo mais elaborado, como participar de um número X de categorias no campeonato, ou quem sabe participar da cerimônia de abertura do mesmo.
Particularmente eu sempre faço uma coisa aos sábados: sempre que saio da aula de arbitragem, eu deixo minha mochila com meu uniforme e diversas coisas necessárias do meu dia-a-dia na Matriz, assim, independente do compromisso que eu tiver Sábado à noite, Domingo de manhã eu tenho que estar lá para fazer aula de instrutor, do contrário não tem como eu pegar meus pertences para Segunda-feira.

E isso não só no Kung Fu, mas no seu dia-a-dia. Quebrar as pontes para falar em público, quebrar as pontes para perder a timidez na escola, quebrar as pontes para passar num vestibular. Se você apostar em você mesmo e correr atrás, as chances sempre estarão a seu favor, independente da situação, não acha?

Vinícius Miranda - TSKF Casa Verde

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Até onde você quer chegar?

Creio que a coisa mais importante para quem começa a treinar, é definir um objetivo, uma meta, onde se quer chegar.

Isso pode ter a ver com a próxima faixa, pode envolver chegar à faixa preta, pode ser tornar-se um campeão. Na verdade pode ser qualquer coisa. Mas para funcionar deve ser algo mensurável e renovável.

Objetivos que não tenham estas duas qualidades não funcionam por muito tempo, pelo que vejo. Vejamos:

Mensurável
Tem que ser algo que possa ser medido e contado. Vamos supor que o objetivo seja atingir a faixa preta. Você pode medir cada passo para chegar até lá e você tem como medir se atingiu este objetivo (basta olhar para sua cintura a cada final de aula).
Outro exemplo, seria perder 5 quilos. Mas cada um dos casos acima pode ser uma armadilha perversa de nossa própria mente, como falarei a seguir.

Renovável
Um objetivo tem que ser algo que possa ser atualizado. E é aqui que pode se esconder a armadilha da nossa mente. Vamos voltar ao objetivo de chegar na faixa preta. Imagine que uma pessoa atingiu este objetivo. Durante algumas aulas ela vai curtir o "gostinho" da vitória pessoal mas, passado um tempo, ela vai se perguntar o que ainda está fazendo ali, se há tantas coisas legais fora da academia para se fazer e ela já está onde ela gostaria de estar.
Assim, ela não renova seu objetivo e, fatalmente, vai parar de treinar, sem nem mesmo saber direito porque está fazendo isso.
No nosso outro exemplo, isso fica ainda mais claro: ao perder os 5 quilos indesejados a pessoa pensa: "pronto, consegui! Agora vou aproveitar meu corpo em forma."

Neste caso, o engano reside no fato da pessoa achar que "em forma" é um status que se atinge um vez e está garantido. Mal sabe ela que "em forma" é um estado que precisa ser cultivado dia a dia, exatamente como um bom hábito, onde o treino de Kung Fu regular é um ótimo veículo para isso.

Assim podemos ver que um objetivo mensurável mas que não seja renovável pode ser ruim no longo prazo. Daí a importância de mantermos estes dois pilares em nossos objetivos.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Prioridades

Tenho visto, ao longo dos meus 4 anos como instrutor, uma série de pessoas que desistem da academia por uma razão interessante: estão trabalhando demais.

Longe de mim questionar a agenda profissional de cada um, mas quero levantar a questão: vale a pena adotar uma escala de trabalho com uma quantidade de horas absurda?

A resposta seria a óbvia: "claro que não, mas o que posso fazer?". Na verdade você pode fazer muita coisa. Durante um bom tempo, eu mantive meu trabalho "normal" como CLT e comecei minha vida como instrutor.

Neste meio tempo, cuidei de alguns projetos complexos no meu trabalho "normal". Um deles exigia a implantação de um sistema para cerca de 2.000 estações de trabalho, gerando não apenas a mudança técnica, mas a necessidade de mudança de procedimentos feitos por algo em torno de 5.000 pessoas, divididas entre os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.

Ao longo do tempo, adotei alguns hábitos que me ajudavam a sair dentro do meu horário normal:

1- Eu sempre chegava no horário (quando possível, mais cedo)
Como todo mundo trabalhava até muito tarde, era comum chegarem atrasado no dia seguinte. Se eu queria fazer diferente, deveria começar diferente pelo início do dia e não pelo final (do tipo: "hj ninguém me pega, vou embora no horário")

2- Reuniões e conferências com horário de início e de fim
Eu sempre ia para reuniões sabendo o horário que iriam começar e o horário que iriam terminar. Claro que eram apenas previsões e, como bons brasileiros que somos, sempre tinham atrasos. Mas verificar isso com o organizador da reunião, ajuda a estabelecer um ritmo para a coisa e não fica tão solto, como aquelas reuniões intermináveis de 5 ou 6 horas.
Todas as reuniões que eu organizava eram de 1 hora de duração, todo mundo recebia a pauta da reunião com antecedência e as "lições de casa" que cada um deveria trazer. Mais tempo de reunião que uma hora, considero uma perda de tempo.
Voltando à questão dos atrasos, eu trabalhava com um notebook eventualmente, isso me permitia continuar trabalhando na sala de reunião até que ela começasse. Quanto eu não tinha o notebook disponível, usava meu caderno para anotar os próximos passos dos projetos e coisas que precisaria fazer na sequência da reunião.
Em tempo: eu jamais fazia outra coisa no meio de uma reunião, que não fosse me focar nela.

3- Não perca tempo no almoço
Eu tinha alguns colegas e chefes que sempre davam uma "esticadinha" na hora do almoço e faziam, no lugar da uma hora tradicional, uma hora e meia de almoço, "compensando" isso depois do horário.
Eu escolhia comer em lugar mais vazios e usava apenas 45 minutos do meu tempo total, para voltar mais rápido ao trabalho. Além disso, procurava almoçar 30 minutos antes ou 30 minutos depois do horário de pico de onde trabalhava (entre 13h00 e 14h00). Assim enfrentava menos filas no restaurante, no café e nos banheiros depois.

4- Você não é um criminoso
Na primeira vez que sai no meu horário, minha chefe olhou para mim com uma cara de inquisidora e fez aquela pergunta: "Já vai?". Eu poderia dar milhões de desculpas em voz bem baixinha para justificar minha saída, mas resolvi encarar de frente o rojão e disse: "Já fui".
Comoção geral na área. Alguém indo embora no horário!
Milagrosamente não fui demitido no dia seguinte.

5- Esteja pronto para ser o diferente
Após começar a sair no horário, passei a ser muito mais cobrado pelos meus projetos, especialmente na última hora de trabalho. Felizmente, os seres humanos (e chefes não são exceção) seguem padrões de comportamente parecidos e tendem a agir de forma similar dia após dia. Como, conhecendo meu trabalho e conhecendo meu chefe, eu já sabia de forma geral o que ele ia me pedir ao longo da última hora, eu deixava tudo pronto antes (lembra que eu chegava mais cedo do almoço?). Quando ele me pedia algo, eu já tinha pronto ou bem desenvolvido de forma que poderia entregar e ir embora no horário. (não sem um cara de espanto como prêmio).

A lista poderia ser mais longa, mais vou ficar por aqui. O importante é que, neste meio tempo, cuidei do meu trabalho com projetos importantes, cuidei do meu casamento e abri 3 academias com sócios fabulosos.

Talvez por isso eu me preocupe com o fato de ver pessoas que não treinam ou deixam de cuidar de si mesmas porque estão trabalhando muitas horas por dia. É tudo uma questão de prioridades. E não estou dizendo que todos devem passar a sair mais cedo todos os dias e fazer uma revolução contra seus chefes. Estou falando sobre reservar, ao menos, um horário para fazer uma hora de aula, três vezes por semana.

Você deve ser sempre sua primeira prioridade. Chefes vêm e vão, assim como empregos. Mas você vai ter que conviver com você mesmo a vida toda.