terça-feira, 29 de março de 2011

Feedback

Eu comecei meu projeto para ser instrutor de Kung Fu e sócio da TSKF em 2006, quando comecei a "estagiar" na TSKF Matriz, sob supervisão do Mestre Gabriel.

Eu vinha de nove anos trabalhados em uma empresa líder do mercado de TV por assinatura e tinha percebido que não aceitava mais muitas coisas que aconteciam na empresa algumas deles que poderiam inclusive ser assunto para o Wikileaks...Percebi que era o momento de mudar de ares, mas sabia também que seria muito difícil arrumar algo fora deste segmento.

Acabei por receber um convite para trabalhar em uma empresa terceira da minha atual na época. Aceitei o convite já que iria trabalhar com uma gestora a quem eu realmente admirava e sabia que poderia me fazer crescer como profissional. Mas no meio do caminho havia a política e, devido à uma mudança do quadro diretivo da minha nova empresa, minha gestora foi demitida. [ironico mode on]Tudo dentro do mais alto padrão de segurança e estabilidade que a CLT traz para nós.[ironic mode off]

A nova gestora entendeu, em uma semana, que eu não era apto para ser o coordenador de projetos da área e decidiu que eu iria ter um coordenadora de projetos. Sim. É isso mesmo: eu teria acima de mim alguém com um cargo exatamente igual ao meu. Na verdade, uma estratégia para que pedisse demissão e a estrutura ficasse "adequada". Foi exatamente nessa época que comecei como instrutor.

Eu percebi que várias coisas que aconteciam na minha antiga empresa estavam acontecendo em minha nova empresa. Mas mais importante que isso, percebi que isso aconteceria em qualquer empresa e, se não fosse eu sofrendo isso de alguém, haveria uma grande chance de eu fazer isso à alguém. Ou seja, o problema não eram as empresas, elas estavam fazendo coisas que eram da "natureza delas". O problema na verdade era eu, que não mais entendia isso como algo correto para os meus valores.

Assim, eu sabia que poderia continuar trocando e trocando de empresa, mas sempre estaria insatisfeito. Decidi então construir um caminho diferente e passei a usar meu emprego como a ferramenta para isso. Não se tratava mais da minha empresa me usar ao longo do mês e, no final, me dar dinheiro. Era eu que a usava, dando à ela parte da minha capacidade produtiva, para que ela me desse o dinheiro necessário para construir um dos meus sonhos.

Algum tempo depois, minha gestora entendeu que, se não bastasse eu ter uma chefa com o mesmo cargo que eu, nós deveríamos ter uma gerente também (??). Assim o cadeia de comando era minha gestora, minha nova gerente, minha chefa/coordenadora e eu. Abaixo da minha chefa/coordenadora havia um grupo de analistas e abaixo de mim, outro.

Minha chefa/coordenadora não ficou muito tempo mais na empresa, já que o ambiente não estava mais tão adequado para ela e aceitou um novo trabalho desafiador e financeiramente interessante. Mantemos contato até hoje e ela é realmente alguém muito especial.

Com a vaga de chefe/coordenador em aberto, foi aberto um processo seletivo para pessoas de fora da empresa e também para funcionários. Para espanto geral, eu me candidatei à vaga. Ninguém do RH entendeu bem, já que eu estava me candidatando para um cargo que eu já tinha e isso gerou uma pequena confusão interna para meu divertimento. Conversa vai, conversa vem, me deixaram participar do processo, já que não havia regra que pudesse me impedir.

E não passei no processo seletivo para ocupar o cargo que eu já tinha (!!).

Minha gerente então me deu o melhor feedback que eu poderia ter recebido. Ele foi responsável por assassinar de vez qualquer chance de continuar trabalhando como CLT. Ela me disse três motivos pelos quais eu não fui aprovado no processo seletivo:

1- Trabalhe mais
Eu nunca seria aprovado em qualquer processo seletivo em qualquer empresa naquela empresa se não fizesse muitas horas extras, ficasse até mais tarde e viesse trabalhar em alguns finais de semana por mês.

2- Aprenda a lidar com diferentes tipos de cliente
Eu só sabia lidar com o cliente que era a minha velha empresa. Sem saber lidar com outros perfis de clientes me deixaria com uma visão míope do mercado e não me faria ter idéias de soluções novas.

3- Invista no seu desenvolvimento
Fazer networking, cursos, ir em palestras. Essas coisas contam para você ser lembrado no mercado e para agregar novos conhecimentos para uso no trabalho.

Olhando para trás, essas três coisas são extremamente comuns na minha rotina atual. Mas o que minha ex-gerente não contava é que eu coloquei, por conta própria e muito tempo antes, um motivo de "número 0" na pequena relação acima:

0- Trabalhe em algo que você acredita
De que adianta se matar de trabalhar, lidar com uma multidão de clientes diferenciados, estudar, ler e ralar, se você está fazendo algo em que não acredita que vai agregar valor para o mundo de alguma forma?

Algum tempo depois, com um novo coordenador como meu chefe, fiz um acordo com a empresa e fui desligado. Nesta época a TSKF Consolação e a TSKF Mooca já estavam montadas e funcionando e eu estava com o caminho traçado para a TSKF Vila Madalena. Ninguém pode dizer que eu não sei lidar com vários projetos simultaneamente...

segunda-feira, 21 de março de 2011

Dicas de Leitura (2/10)



A Lei do Triunfo

Napoleon Hill

Inicialmente ao ler esse livro, achei que seria só mais um manual sobre negócios ou vivência como líder empresarial. Em termos, sim, isso faz parte, contudo, ainda há muito mais a ser citado aqui que pode ser útil para qualquer tipo de pessoa que queira fazer sucesso, seja qual for sua área, do profissional ao pessoal.

De começo, podemos observar um detalhe diferente do título do livro. Não há apenas uma lei do triunfo, há no total quinze leis (dezesseis, caso você conte o primeiro capítulo, chamado Mastermind, que é uma definição sobre processos de harmonia entre mentes para a realização de idéias) que dominam essa conseqüência. Cada lei com um capítulo extremamente bem explicado com diversos exemplos de celebridades e gênios do mundo moderno. O jeito que é colocada cada sentença do livro, a linguagem simples, precisa e motivadora são algo fora do normal, merece sim destaque por conta disso.

Um fato interessante que esse livro propõe é você fazer uma avaliação sobre cada aspecto da sua vida em relação a essas leis antes e depois de tal curso, tirando assim uma média aritmética e comparando com alguns dos nomes que estão ao lado, seja tanto de pessoas poderosas quanto fracassadas. Por exemplo, há o tópico “Hábito de economizar”, e você se auto-avalia de 0 a 100 de acordo de como você se sente atualmente nesse quesito. E após a leitura desse capítulo (e colocá-lo em prática, óbvio) você faz uma reavaliação e se dá uma nova nota, demonstrando assim a diferença do seu antigo eu.

Os capítulos a serem trabalhados no livro são: Mastermind, Objetivo principal definido, Confiança em si mesmo, Hábito de economizar, Iniciativa e liderança, Imaginação, Entusiasmo, Autocontrole, Hábito de fazer mais do que é pago para fazer, Personalidade agradável, Pensar com segurança, Concentração, Cooperação, Tirar proveito dos fracassos, Tolerância, e por fim, Praticar a regra de ouro. Posso dizer que na grande maioria são regras um tanto quanto óbvias e simples, porém que passam despercebidas seja pela desatenção, por conforto ou simplesmente por ego. Caso algum desses títulos de capítulos tenha interessado, nem que seja um mínimo, sugiro que leia. A combinação de idéias propostas pelo autor deu uma mistura muito útil para leitura e estudo.

É difícil resumir ou avaliar um livro tão aceito pela crítica. Pesquisei na internet também outras avaliações do mesmo, e todos os resultados que eu encontrei foram extremamente positivos, tornando esse um dos melhores livros do gênero.

domingo, 13 de março de 2011

O que aprender com um cachorro


     Chu-ken Hachiko (o cachorro fiel Hachiko) nasceu em Odate, na província de Akita, no Japão em novembro de 1923. Em 1924, Hachiko foi enviado a casa de seu futuro proprietário, o Dr. Eisaburo Ueno, um professor do Departamento Agrícola da Universidade de Tóquio. A história dá conta de que o professor ansiava por ter um Akita há anos, e que tão logo recebeu seu almejado cãozinho, deu-lhe o de Hachi, ao que depois passou a chamá-lo carinhosamente pelo diminutivo, Hachiko. Foi uma espécie de ‘amor à primeira vista’, pois, desde então, se tornariam amigos inseparáveis!

     O professor Ueno morava em Shibuya, subúrbio de Tóquio, perto da estação de trem. Como fazia do trem seu meio de transporte diário até o local de trabalho, já era parte integrante da rotina de Hachiko acompanhar seu dono todas as manhãs. Caminhavam juntos o inteiro percurso que ia de casa à estação de Shibuya. Hachiko parecia ter um relógio interno, e sempre às 15 horas retornava à estação para encontrar o professor, que desembarcava do trem das 16 horas, para acompanhá-lo no percurso de volta a casa.

     Em 21 de Maio de 1925, o professor Ueno sofreu um AVC, durante uma reunião do corpo docente na faculdade e morreu. Hachiko, que na época tinha pouco menos de dois anos de idade. No horário previsto, esperava seu dono pacientemente na estação. Naquele dia a espera durou até a madrugada.

     Na noite do velório, Hachiko, que estava no jardim, quebrou as portas de vidro da casa e fez o seu caminho para a sala onde o corpo foi colocado, e passou a noite deitado ao lado de seu mestre, recusando-se a ceder. Outro relato diz que como de costume, quando chegou a hora de colocar vários objetos particularmente amados pelo falecido no caixão com o corpo, Hachiko pulou dentro do mesmo e tentou resistir a todas as tentativas de removê-lo.

 
     Depois que o professor morreu a Senhora Ueno deu Hachiko para alguns parentes do que morava em Asakusa, no leste de Tóquio. Mas ele fugiu várias vezes e voltou para a casa em Shibuya, um ano se passou e ele ainda não tinha se acostumado à nova casa. Foi dado ao ex-jardineiro da família que conhecia Hachi desde que ele era um filhote. Mas Hachiko continuava a fugir, aparecendo frequentemente em sua antiga casa. Depois de certo tempo, aparentemente Hachiko se deu conta de que o professor Ueno não morava mais ali.

     Todos os dias à estação de Shibuya para esperar seu dono voltar do trabalho, da mesma forma como sempre fazia. Procurava a figura de seu dono entre os passageiros, saindo somente quando as dores da fome o obrigavam. E ele fez isso dia após dia, ano após ano, em meio aos apressados passageiros. Estes começaram passaram então a trazer petiscos e comida para aliviar sua vigília.

     Em 1929, Hachiko contraiu um caso grave de sarna, que quase o matou. Devido aos anos passados nas ruas, ele estava magro e com feridas das brigas com outros cães. Uma de suas orelhas já não se levantava mais, e ele já estava com uma aparência miserável, não parecendo mais com a criatura orgulhosa e forte que tinha sido uma vez.

     Um dos fiéis alunos de Ueno viu o cachorro na estação e o seguiu até a residência dos Kobayashi, onde aprendeu a história da vida de Hachiko. Coincidentemente o aluno era um pesquisador da raça Akita, e logo após seu encontro com o cão, publicou um censo de Akitas no Japão. Na época haviam apenas 30 Akitas puro-sangue restantes no país, incluindo Hachiko da estação de Shibuya. O antigo aluno do Professor Ueno retornou frequentemente para visitar o cachorro e durante muitos anos publicou diversos artigos sobre a marcante lealdade de Hachiko.

     Sua história foi enviada para o Asahi Shinbun, um dos principais jornais do país, que foi publicada em setembro de 1932. O escritor tinha interesse em Hachiko, e prontamente enviou fotografias e detalhes sobre ele para uma revista especializada em cães japoneses. Uma foto de Hachiko tinha também aparecido em uma enciclopédia sobre cães, publicada no exterior. No entanto, quando um grande jornal nacional assumiu a história de Hachiko, todo o povo japonês soube sobre ele e se tornou uma espécie de celebridade, uma sensação nacional. Sua devoção à memória de seu mestre impressionou o povo japonês e se tornou modelo de dedicação à memória da família. Pais e professores usavam Hachiko como exemplo para educar crianças.

 
     Em 21 de Abril de 1934, uma estátua de bronze de Hachiko, esculpida pelo renomado escultor Teru Ando, foi erguida em frente ao portão de bilheteria da estação de Shibuya, com um poema gravado em um cartaz intitulado "Linhas para um cão leal". A cerimônia de inauguração foi uma grande ocasião, com a participação do neto do professor Ueno e uma multidão de pessoas.

     Hachiko envelheceu, tornou-se muito fraco e sofria de problemas no coração (heartworms). Na madrugada de 8 de março de 1935, com idade de 11 anos e 4 meses, ele deu seu último suspiro no mesmo lugar onde por anos a fio esperou pacientemente por seu dono. A duração total de seu tempo de espera foi de nove anos e dez meses. A morte de Hachiko estampou as primeiras páginas dos principais jornais japoneses, e muitas pessoas ficaram inconsoláveis com a notícia. Um dia de luto foi declarado.

 
     Seus ossos foram enterrados na sepultura do professor Ueno, no Cemitério Aoyama, Minami-Aoyama, Minato-ku, Tóquio. Sua pele foi empalhado - para conservar-lhe as formas e submetido à substâncias que o isentam de decomposição, e o resultado deste maravilhoso processo de conservação está agora em exibição no Museu Nacional da Ciência do Japão em Ueno. Alguns autores dizem que Hachiko, esta no Museu de Artes de Tóquio.

     Durante a 2ª Guerra Mundial, para aplicar no desenvolvimento de material bélico, todas as estátuas foram confiscadas e derretidas, e, infelizmente, entre elas estava a de Hachiko.

 
     Em 1948, formou-se a “The Society For Recreating The Hachiko Statue” entidade organizada em prol da recriação da estátua de Hachiko. Tekeshi Ando, o filho de Teru Ando foi contratado para esculpir uma nova estátua. A réplica foi reintegrada no mesmo lugar da estátua original, em uma cerimônia realizada no dia 15 de agosto.

 
     A estação de Odate, em 1964, recebeu a estátua de um grupo de Akitas. Anos mais tarde, em 1988, também uma réplica da estátua de Hachiko foi colocada próxima a estação. A história de Hachiko atravessa anos, passa de pai para filho, sendo até mesmo ensinada nas escolas japonesas – no início do século para estimular lealdade ao governo, e atualmente, para exemplificar e instilar o respeito e a lealdade aos anciãos.

 
     Na atualidade, viajantes que passam pela estação de Shibuya podem comprar presentes e recordações do seu cão favorito na Loja localizada no Memorial de Hachiko chamada "Shibuya No Shippo" ou "Tail of Shibuya". Um mosaico colorido de Akitas cobre a parede perto da estação.

 
     Todos os anos, no dia 8 de março. Ocorre uma cerimônia solene na estação de trem de Shibuya, em Tóquio. São centenas de amantes de cães que se reúnem em homenagem à lealdade e devoção de Hachiko. Ao nascimento de uma criança, a família recebe uma estatueta de Akita como desejo de saúde, felicidade e vida longa. O objeto também é considerado um amuleto de boa sorte. Quando há alguém doente, amigos dão ao enfermo esta estatueta, desejando pronta recuperação.

 
     Por causa desse zelo, o Akita se tornou Patrimônio Nacional do povo japonês, tendo sido proibida sua exportação. Se algum proprietário não tiver condições financeiras de manter seu cão, o governo japonês assume sua guarda.

Texto de César Costa, aluno da TSKF Consolação

Fonte:

terça-feira, 8 de março de 2011

Mulheres... (Adriana Mucciolo)

Hoje, dia internacional da mulher, quero parabenizar a todas as lutadoras, sonhadoras, mulheres, em especial as que praticam o Kung fu, afinal, estamos no blog da TSKF, hehe.

Elas mostram a cada dia a superação, mostram a força... Provaram aos homens que podem fazer tudo o que eles fazem e mais... homens não podem carregar um filho por nove meses na barriga... =D

Já sofreram muito preconceito, machismo, queimaram, sutiãs, usam calças... E estão aí, conquistando o mundo cada vez mais!

Agora, entrando mais no Kung Fu, fico muito feliz hoje de ver que cada dia mais mulheres procuram a prática desta arte. E vencem várias adversidades para continuar... Já vi grávidas praticarem até quase o fim da gestação, outras que vão contra os maridos e namorados, que acham que "é coisa de homem", algumas saem exaustas de um dia cansativo de trabalho e vão ao treino... Exemplos de força de vontade!

Quando comecei a competir em campeonatos, notava poucas mulheres, no máximo três ou quatro, competindo... quando não era sozinha... Hoje fico muito feliz de ver que já tem 8, 9, 10!!!! São as mulheres, ajudando o kung fu a crescer também!

Continuem mulheres, mostrando tudo o que tem!

Parabéns a todas neste dia!


por Adriana Mucciolo


Segue o link do Blog "Garotas Kung Fu", parabéns pelo dia de vocês mulheres!!!
http://garotaskungfu.blogspot.com/

O Carnaval de cada um

Antes de mais nada, esclareço que não tenho absolutamente nada contra o Carnaval. Não é uma festa que me atrai em especial, já fui em bailes algumas vezes quando era adolescente, nunca fui para a avenida ver o desfile e só. Acho bonito algumas coisas de algumas escolas, como a criativa idéia do carro abre-alas dos mortos vivos, ou a bateria inteira vestida com o uniforme do BOPE. Achei fantástico saber que uma aluna do Time de Arbitragem ia sair em uma escola de samba este ano (e não faltou no treino por isso).

Tem um lado ruim do Carnaval, que pode ser bem resumido no vídeo abaixo, que postei ontem no Facebook...




Tem o outro lado bom do Carnaval, que são os dias de folga, e aquelas pessoas que adoram viajar e estar em lugares diferentes podem aproveitar isso.

Mas o que mais me chama a atenção é a motivação que leva algumas pessoas a festejar o Carnaval...

"Vou pular o Carnaval e beber todas para esquecer da vida."
"Vou pular o Carnaval e dar em cima de todas/todos para tirar o atraso."
"Vou pular o Carnaval, viajar e sumir dessa cidade infernal."
"Vou pular o Carnaval para me livrar do trabalho e do chefe por quatro dias."

O Carnaval acaba sendo um válvula de escape para estas pessoas (que são a maioria? Minoria? Não sei), de forma que podem fugir de algo que as desagrada.

Mas, não seria muitíssimo mais fácil resolver o que perturba ao invés de se criar válvulas de escape? Depois do Carnaval, o chefe estará lá, a cidade vai voltar ao normal e por aí vai. Se a vida atualmente merece ser esquecida, é hora de construir uma mudança. Se a solidão é algo que aflige, é melhor atacá-la de maneira consistente e investir em bons relacionamentos. Se estar na cidade é insustentavel, não é um motivador para se desenvolver um projeto para mudar de cidade?

Se o trabalho é algo chato e/ou o chefe é alguém ruim, não seria melhor mudar de emprego/carreira e encontrar algo que te deixe feliz? Ou será que quatro dias longe dele(s) servem para recarregar as energias para aguentar até o próximo feriadão, quando todo o ciclo se repete?

Qual o seu Carnaval?

terça-feira, 1 de março de 2011

Minha mente, meu corpo



A partir do século XV onde as caravelas eram os mais modernos meios de transporte, o mundo presenciou a raiz de uma nova ordem mundial, a Globalização. As grandes navegações e a busca por relações coloniais lançaram um contingente relativamente grande para fora de suas fronteiras a fim de buscar melhores condições econômicas.

Enquanto a América foi retalhada por grandes potências européias, as mesmas enxergavam no oriente um grande potencial de comércio. As famigeradas especiarias eram as chaves de um conceito fundamental para a formação da cultura européia ocidental que, inevitavelmente, expandiu-se para suas colônias assim como a terra do pau-brasil.

Noções filosóficas sobre anatomia, neurologia e psicologia, miscigenaram idéias pré-feudais clássicas com idéias orientais religiosas, provocando uma nova forma de pensar sobre a relação ‘’corpo x mente’’.

Atualmente essas idéias voltaram a tona, e mais uma disciplina entrou na discussão: a Educação Física, aliada à tendência do bem-estar físico e mental.

Enquanto para os ocidentais corpo é algo distinto de mente, para a cultura oriental, mente e corpo fazem parte de um mesmo processo. Enxergamos a mente como a essência e o corpo como a aparência, quando na verdade os dois são intimamente próximos. É inevitável separar suas emoções e sentimentos de movimentos corporais.

Para ilustrar, imagine o aspecto físico de uma pessoa triste, ou muito feliz. Esses dois sentimentos provocam nosso acervo motor e nos dão características típicas e previsíveis.

Por mais que, às vezes, tentamos esconder o que sentimos, as pessoas ao redor sempre vão saber que o sentimento está presente. Todos conseguem perceber, com atenção, o verdadeiro sentimento de alguém. Muitas vezes isso se manifesta em forma de intuição, mas a intuição é a percepção involuntária dos movimentos, mesmo que sutis, do corpo dos sujeitos.

Nós não temos um braço, nem uma perna, nem uma mente, e sim somos um braço, perna e mente. Basta você perceber que o tato, um dos cinco sentidos dos seres humanos, funciona de acordo com a nossa mente.

Mas onde se esconde a mente? Você pode imaginar que ela está em nosso cérebro, porém se cortarmos um cérebro ao meio não conseguimos anatomicamente encontrá-la, por isso, para os orientais nossa mente nada mais é que a existência de nosso corpo vivo. Semelhantemente podemos intertextualizar esta idéia com uma famosa frase de René Descartes: ‘’Penso, logo existo’’.

Pessoas que sentem problemas emocionais prolongados sofrem sérios riscos de transformar a postura corporal. As que têm muita timidez, por exemplo, podem desenvolver uma contratura muscular Crônica no músculo peitoral, e com isso adquirem postura típica de um sujeito envergonhado, com flexão de tronco e peito retraído.

Não só a musculatura sofre conseqüências dos sentimentos. Quando ficamos nervosos podemos observar uma maior irrigação sanguínea na cabeça e, por isso, a pessoa aparenta rosto avermelhado.

O esporte e as outras atividades físicas são experiências de origem corporal, mas como corpo e mente são interligados, treinando o corpo atingimos a mente (no hemisfério Afetivo e cognitivo). A prática de exercícios inverte o fluxo normal de sentido ‘’mente’’(pensamento ou emoção) e ‘’resposta motora’’(movimentação do corpo) provocando um deslocamento de origem motora para alcançar a mente.

Na verdade esses ‘’caminhos’’ percorridos entre mente x corpo ou corpo x mente, são os mesmos, já que os dois não podem ser dualizados. Seu corpo e sua mente fazem parte de um mesmo ego, que por ser vivo, existe materialmente expressando-se com o meio ambiente ao mesmo tempo motora, cognitiva e afetivamente, apresentando níveis variáveis de seus usos e exposição aparente.


Sandro Conte Febras


Bibliografia
‘’Couraça muscular do caráter’’ - José Angelo Gaiarsa
‘’Corpo mente’’ - Ken Dychtwald
‘’Corpo fala’’ – Pierre Weil

Referência
Eduardo Figueira de Aguiar, Prof do Curso de Ed. Física na FMU