sexta-feira, 4 de maio de 2012

Fazendo Mágica

A primeira vez que eu ajudei como voluntário em um campeonato foi em 2007. Eu estava apenas começando como instrutor e eu ia competir também, então fiquei de backup para ajudar no carregamento e descarregamento das coisas e fazer o que mais aparecesse de última hora.

Desde então eu tenho participado como voluntário em nossos campeonatos e, com o tempo, abracei esta função em outros eventos da Liga Nacional de Kung Fu, em Baltimore e na Alemanha (no ano passado).

Para muitos alunos talvez pareça que o voluntário "fica de fora" da festa e das competições mas, especialmente ano passado, eu pude perceber que a coisa é bem diferente.

Na verdade, eu me sinto privilegiado por poder ser voluntário em ajudar em campeonatos. Isso acontece por alguns motivos:

1- Eu aprendo Seja carregando tatames para cima e para baixo, seja avaliando uma forma. Eu sempre vejo pessoas e movimentos diferentes ou uma nova leitura de um movimento que eu já conheço. Não estando dentro do contexto de competitividade daquela categoria eu posso entender um pouco mais das coisas que faço e me colocar em perspectiva sobre aquilo. Isso me ajuda a treinar melhor.

2- Eu exercito Claro, não fisicamente falando. Mas quando eu me torno um voluntário, eu dôo o bem mais valioso que eu tenho: meu tempo. Isso é, ao meu ver, um grande ato de humildade perante uma Arte que é maior do que eu. Se o Kung Fu é tão grandioso como eu acredito e todos me dizem, por quê não dar um pouco do meu tempo para ele, já que eu gosto?

3- Eu crio raízes Através do Facebook podemos ver que a interação entre as unidades se tornou muito grande na TSKF. Atuando como voluntário, é como transportar um pouco do que acontece no Facebook para o mundo real: você conhece pessoas de outras unidades e desenvolve um laço bacana com elas, já que juntos vão realizar algumas das competições mais ricas que podem acontecer para os participantes.

4- Eu viro o Alvo Dumbledore faço mágica É difícil descrever essa parte. Mas imagine a cena: a criança está em seu primeiro campeonato, e super nervosa (pode ser um adulto também!), vai lá e faz o seu melhor. Olha para os árbitros, sérios, que erguem a sua nota e ela não entende nada se foi bem ou mal, apenas sabe que teve uma nota X. Ao término da categoria, quando os competidores são chamados, a criança em questão é chamada para receber a medalha de ouro (e ela achava que não ia ganhar nada, porque esqueceu a própria nota). O sorriso desta criança, ainda que tímido, é indescritível. Claramente a alma dela se ilumina e em nenhum momento se lê qualquer traço de "eu ganhei dos outros". Esta escrito no rosto dela "eu consegui me superar e venci a mim mesmo". É óbvio que ela não está conscientemente pensando nisso, mas quem já passou por isso na vida, em qualquer área, sabe reconhecer a sensação, não é mesmo?

Justamente essa é a melhor parte: saber que você foi responsável por gerar naquela pessoa um sentimento que ela vai carregar por muitos anos a frente e será capaz de identificá-lo em si mesma ou em outros, quando isso acontecer. O sentimento de Sucesso e Realização.

"Ah, mas e todos aqueles que não ganham nada?", você vai me perguntar. Eu mesmo sou um destes, em muitos casos.

Para estes é dado mais uma lição de humildade e, como raramente é possível atribuir a "derrota" para outro senão a si mesmo, ele ganha mais uma injeção de motivação para treinar mais e mais inteligente para se tornar um competidor melhor e mais preparado para o próximo campeonato. Aqueles que nunca desistem chegarão ao Sucesso.

É por isso que eu já me inscrevi como voluntário para o campeonato deste ano e é por isso que vocês escutam e vão escutar seu instrutor o convidando para ser voluntário: para sermos um agente de mudança para as pessoas.

Para juntos construirmos um campeonato que tem a capacidade de fazer as pessoas se tornarem maiores e melhores, através da competição ou através do voluntariado.

4 comentários:

  1. Eu não poderia dizer melhor o que o Danillo disse aqui.

    Sempre fui voluntário em todos os campeonatos que participei, exatamente pelo mesmo motivo que o Danillo falou, se é a arte que eu gosto porque não ajudá-la.

    Desde 2007 que viajo para Baltimore mais de treze horas de voo para ser árbitro do evento. Em termos de din din quase quatro mil reais.

    Já viajei pra Alemanha 3 vezes pra ser árbitro e até pra Cingapura 26 horas de voo tudo pra estar no olho do furacão onde as coisas acontecem.

    Minha vida mudou pela paixão que tenho pelo Kung Fu e pelos amigos que conquistei jornada. Eu faria tudo novamente e continuarei a fazê-lo.

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  2. Boa, Cocenzo!

    Achei estranho você ter listado "apenas 4 motivos"... Hehehe...

    Ótimo texto! Hora do pessoal fazer a inscrição para ser voluntário!

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  3. Excelente postagem Danillo!

    Os voluntários realmente fazem a mágica que é o Campeonato desde a montagem, demonstração, arbitragem, organização e desmontagem.

    Como a Thaís disse na Convenção, as pessoas são realmente o grande tesouro da nossa família. São essas mesmas pessoas que queremos nos ajudando para realizar o maior Campeonato de Kung Fu das Américas.

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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