Você já treinou Kung Fu hoje? Essa é a pergunta que me faço todos os dias, assim que acordo. E, se não vou à TSKF, vou dormir me fazendo essa mesma pergunta. Entre 2013 e 2014, a pergunta que me fazia todo dia era bem diferente: Quantas calorias você vai ingerir hoje?
Quando tinha meus 19 anos já não era muito satisfeita com meu corpo. Além da pressão por parte da família, eu mesma passei a olhar pros alimentos de uma forma diferente: comia cada vez menos, e emagrecia cada vez mais.
É difícil listar aqui todas as coisas que já fiz pra ficar abaixo do peso: contar calorias, andar 6,7 km por dia, nadar por horas sem comer, fazer mais de 500 polichinelos... Até tentativas de vômito: tudo para ficar cada vez mais magra.
Ao me olhar no espelho, só me via gorda, triste com medo de engordar meio quilo... Me pesava muitas vezes ao dia, e chorava quando via que tinha engordado 100g.
Isso tudo começou a afetar não só meu físico e psicológico, mas sim todas as pessoas ao meu redor (família, amigos, etc)... Muitos percebiam que eu estava magra demais, frágil... Foi aí que as fraquezas começaram: tive amenorreia, sem energia e disposição, chegando até ao subpeso. Foi sentindo tudo isso que passei a realmente perceber que não estava bem, e além de ser aconselhada, percebi que deveria fazer algo que fosse bom pra mim.
Experimentei fazer outra arte marcial, mas não sentia que era aquilo que eu queria, daí marquei uma aula experimental de kung fu na TSKF, já que sempre gostei de cultura oriental e até mesmo queria ser uma guerreira como a Mulan do filme.
Posso dizer que o momento em que pisei na TSKF Barro Preto pela primeira vez foi único: além de sentir uma energia forte, vigorosa, fui tão bem recebida e fiquei tão admirada com tudo o que mostraram que não pensei duas vezes antes de me matricular.
Quando comecei a treinar, ainda me alimentando como anoréxica, sentia um pouco as fraquezas... Mas, ao invés de chorar, pensei em comer mais para conseguir treinar, para ter um bom desempenho no kung fu.
Praticar kung fu na TSKF me deu, além de uma melhor condição física, uma consciência corporal, uma presença no mundo que eu nunca tinha sentido antes. O kung fu me fez ser mais atenta, mais presente, mais forte, mais resistente, mais compreensiva... São inúmeras as transformações que foram acontecendo ao longo da minha trajetória dentro da academia.
Com o tempo, minha presença no kung fu foi indo além da alimentação: estava buscando uma mudança plena em meu modo de viver e ver o mundo... E isso, claro, foi acontecendo quando passei a desfrutar de tudo que a TSKF proporciona, muito além de uma melhora do físico: o mental passou a fazer parte do físico, assim como acredito que um artista marcial deva fazer.
O sentimento de gratidão toma conta de mim, não só por minha transformação, mas pela influência dela nas pessoas ao meu redor: passamos a superar o que achávamos ser nossos limites, procurar ser pessoas melhores e estarmos presentes. Isso é pra vida. Isso é TSKF.
Camila Dornelas Vaz de Andrade
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