Eu vinha de nove anos trabalhados em uma empresa líder do mercado de TV por assinatura e tinha percebido que não aceitava mais muitas coisas que aconteciam na empresa
Acabei por receber um convite para trabalhar em uma empresa terceira da minha atual na época. Aceitei o convite já que iria trabalhar com uma gestora a quem eu realmente admirava e sabia que poderia me fazer crescer como profissional. Mas no meio do caminho havia a política e, devido à uma mudança do quadro diretivo da minha nova empresa, minha gestora foi demitida. [ironico mode on]Tudo dentro do mais alto padrão de segurança e estabilidade que a CLT traz para nós.[ironic mode off]
A nova gestora entendeu, em uma semana, que eu não era apto para ser o coordenador de projetos da área e decidiu que eu iria ter um coordenadora de projetos. Sim. É isso mesmo: eu teria acima de mim alguém com um cargo exatamente igual ao meu. Na verdade, uma estratégia para que pedisse demissão e a estrutura ficasse "adequada". Foi exatamente nessa época que comecei como instrutor.
Eu percebi que várias coisas que aconteciam na minha antiga empresa estavam acontecendo em minha nova empresa. Mas mais importante que isso, percebi que isso aconteceria em qualquer empresa e, se não fosse eu sofrendo isso de alguém, haveria uma grande chance de eu fazer isso à alguém. Ou seja, o problema não eram as empresas, elas estavam fazendo coisas que eram da "natureza delas". O problema na verdade era eu, que não mais entendia isso como algo correto para os meus valores.
Assim, eu sabia que poderia continuar trocando e trocando de empresa, mas sempre estaria insatisfeito. Decidi então construir um caminho diferente e passei a usar meu emprego como a ferramenta para isso. Não se tratava mais da minha empresa me usar ao longo do mês e, no final, me dar dinheiro. Era eu que a usava, dando à ela parte da minha capacidade produtiva, para que ela me desse o dinheiro necessário para construir um dos meus sonhos.
Algum tempo depois, minha gestora entendeu que, se não bastasse eu ter uma chefa com o mesmo cargo que eu, nós deveríamos ter uma gerente também (??). Assim o cadeia de comando era minha gestora, minha nova gerente, minha chefa/coordenadora e eu. Abaixo da minha chefa/coordenadora havia um grupo de analistas e abaixo de mim, outro.
Minha chefa/coordenadora não ficou muito tempo mais na empresa, já que o ambiente não estava mais tão adequado para ela e aceitou um novo trabalho desafiador e financeiramente interessante. Mantemos contato até hoje e ela é realmente alguém muito especial.
Com a vaga de chefe/coordenador em aberto, foi aberto um processo seletivo para pessoas de fora da empresa e também para funcionários. Para espanto geral, eu me candidatei à vaga. Ninguém do RH entendeu bem, já que eu estava me candidatando para um cargo que eu já tinha e isso gerou uma pequena confusão interna
E não passei no processo seletivo para ocupar o cargo que eu já tinha (!!).
Minha gerente então me deu o melhor feedback que eu poderia ter recebido. Ele foi responsável por assassinar de vez qualquer chance de continuar trabalhando como CLT. Ela me disse três motivos pelos quais eu não fui aprovado no processo seletivo:
1- Trabalhe mais
Eu nunca seria aprovado em qualquer processo seletivo
2- Aprenda a lidar com diferentes tipos de cliente
Eu só sabia lidar com o cliente que era a minha velha empresa. Sem saber lidar com outros perfis de clientes me deixaria com uma visão míope do mercado e não me faria ter idéias de soluções novas.
3- Invista no seu desenvolvimento
Fazer networking, cursos, ir em palestras. Essas coisas contam para você ser lembrado no mercado e para agregar novos conhecimentos para uso no trabalho.
Olhando para trás, essas três coisas são extremamente comuns na minha rotina atual. Mas o que minha ex-gerente não contava é que eu coloquei, por conta própria e muito tempo antes, um motivo de "número 0" na pequena relação acima:
0- Trabalhe em algo que você acredita
De que adianta se matar de trabalhar, lidar com uma multidão de clientes diferenciados, estudar, ler e ralar, se você está fazendo algo em que não acredita que vai agregar valor para o mundo de alguma forma?
Algum tempo depois, com um novo coordenador como meu chefe, fiz um acordo com a empresa e fui desligado. Nesta época a TSKF Consolação e a TSKF Mooca já estavam montadas e funcionando e eu estava com o caminho traçado para a TSKF Vila Madalena. Ninguém pode dizer que eu não sei lidar com vários projetos simultaneamente...
Atualmente, encontro-me num dilema profissional parecido com o que você relatou. Legal ter um exemplo ou uma referência como a sua, que mostra que é possível virar a mesa!! Valeu pelo ótimo post.
ResponderExcluirAs vezes é mais comum do que a gente pensa, esses "dilemas profissionais", eu ainda não resolvi o meu, mas eu chego lá =)
ResponderExcluirParabéns pelo post!
Nossa, ja passei exatamente por situações assim em empresas que trabalhei, e atualmente me encontro nesse dilema profissional também. Concordo totalmente com o motivo "número 0": Trabalhe em algo que você acrdita!
ResponderExcluirMuito bom o post, abraço!
Danillo!
ResponderExcluirParabéns pelo post e parabéns pela inspiração que vem através dele e da sua história.(:
Eu vejo muita gente acomodada, com medo de perder "o emprego", e de repente elas fazem de tudo para se manter onde estão e nunca param pra pensar se é aquilo mesmo que querem pra vida delas.
Uma vez você já tinha comentado que as vezes o problema está com a gente, as empresas são todas parecidas, seguem o mesmo esquema. Nós é que temos que sair fora da zona de conforto e buscar novos horizontes, buscar aquilo que vai responder às nossas expectativas.
Beijos
Paula
Parabens pelo excelente post.
ResponderExcluirEsse tipo de coisa acontece muito em todas as empresas.
Certa vez, quando eu trabalhava como programador de computadores eu era o mais experiente do grupo e precisávamos contratar mais um Senior(experiente. Meu gerente me pediu que eu desenvolvesse um teste pra ser aplicados nos candidatos. Eu deveria desenvolver, aplicar, corrigir e escolher o melhor pra ser contratado.
Foi o que eu fiz, adivinha. Depois que contratamos o novo programador o gerente criou um Pool de programação e colocou o novo programador como chefe do Pool, ou seja, como meu chefe.
Claro, que o cara não agüentou o rojão e depois de um tempo tiveram mesmo que demiti-lo e colocar-me de chefe do Pool.
Ser fritado, cozinhado em fogo lento é um saco...
ResponderExcluir