terça-feira, 26 de outubro de 2010

Resistindo a Resistência

Nosso último teste em cada exame é o teste de Resistência, onde o aluno deverá ficar na postura do cavalo, com os dois braços à frente, por um tempo determinado, de acordo com a sua graduação.

Muitos (eu inclusive) consideram este teste especialmente difícil, uma vez que ele é realizado após o corpo já estar com um certo nível de fadiga. Mas na verdade, creio que o principal problema seja outro.

A Resistência é um exercício físico e mental ao mesmo tempo. Por mais forte ou musculoso que seja seu corpo, a estrutura vai fadigar em um determinado momento. Podemos dizer que a "energia do músculo" acaba e a sensação de queima se apodera das pernas.

A partir deste ponto é que começamos a entender um pouquinho mais o que é ser um Artista Marcial. É a mente que determina a continuidade na posição, apesar do corpo reclamar e pedir descanso. Fomos geneticamente programados para procurar preservar a nossa estrutura corporal. Se colocamos a mão no fogo, nosso reflexo age antes para se afastar do fogo, antes de pensarmos racionalmente. Em escala menor de "reflexo", quando nossas pernas cansam, nosso corpo pede para que descansemos. Pede para que pare o que está gerando o cansaço.

Mas nossa mente sabe onde quer chegar e que podemos fazer muito mais do que a nossa limitação corporal encerra. Por isso, aqueles que tem uma mente focada em um objetivo específico conseguem ficar o tempo necessário de sua faixa, ou até mais. A dor é suportável. O desconforto é suportável. O suor nos olhos é suportável. Desistir sem ter feito realmente o seu melhor, até o limite, é que é insuportável.

Voltando ao aspecto físico, é importante lembrar que a resistência deve ser feito com uma distância entre as pernas confortável. Este "confortável" varia bastante de pessoa para pessoa. Pessoas mais esguias, tendem a ficar confortáveis com uma distância grande entre as pernas. Pessoas mais atarracadas, tendem a ficar confortáveis com uma distância menor entre as pernas. Claro que a distância maior ou menor não significa deixar a postura incorreta, por isso, sempre busque a orientação do seu instrutor.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Taolu ou Kati?

O termo taolu pode ser traduzido como rotina ou forma. O termo kati não existe em chinês, portanto não tem tradução. Acredita-se que o termo kati foi usado pelos primeiros mestres chineses que se estabeleceram no Brasil para explicar que um taolu era parecido com um Kata de artes japonesas, mas não igual. Devemos lembrar que a comunidade japonesa no Brasil é mais numerosa e mais antiga que a comunidade chinesa, portanto, tornou-se a base de referência para toda cultura oriental para os brasileiros.

Vejam que de maneira alguma isso é uma crítica ou censura para aqueles que ainda usam o termo Kati. Na verdade, podemos dizer que foi uma solução simples e fácil para adaptar a linguagem do Kung Fu em nosso Brasil e tornar a adesão à ele mais tranquila. Ainda mais se lembrarmos que as facilidades de internet e acesso à outras fontes de informação eram muito, muito diferentes naquele tempo.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

I amar prestar aen

Neste final de semana tivemos mais uma rodada de exames na Matriz. Além disso, atendento aos pedidos da minha patroa, assistimos novamente a trilogia de "O Senhor dos Anéis", todos na versão extendida.

Ok, ok, sei que são fatos aparentemente que nada têm em comum...Mas algo me chamou a atenção no final do último filme, "O Retorno do Rei"...e não foi a Liv Tyler.

NOTA IMPORTANTE: SE VOCÊ NÃO ASSISTIU O FILME E/OU LEU O LIVRO, ABAIXO CONTÉM SPOILER! (mas quem não viu ainda???)

Após a destruição do Anel, ainda ao pé da Montanha da Perdição, é possível ver um Frodo extremamente aliviado. Naquele momento, ele estava com sede, fome, passando um calor absurdo, com as vias respiratórias quase bloqueadas por cinzas e poeira e sem banho (eca). Ainda assim, ele estava aliviado. Tudo pelo fato de ter cumprido sua missão. Ainda em Valfenda (no primeiro filme), ele havia assumido o compromisso e dado a sua palavra que levaria o Anel para ser destruído e assim o fez. Ele concluiu algo que começou.

Cada um em sua aventura, todos os alunos que fizeram o exame de faixa concluíram mais uma missão. Esta missão cumprida levou à uma nova: para alguns amadurecer as técnicas com total foco e para outros começar uma nova etapa da jornada dentro do Kung Fu.

Mas outra cena me chamou bastante a atenção no mesmo final do filme. Quando o grupo estava nos Portos Cinzentos, onde Bilbo, Gandalf, Galadriel, Celeborn e Elrond partiriam para Valinor, surpreendentemente Frodo também informa que vai partir.

Meio que se explicando para os demais hobbits, ele diz algo parecido com "Não tinha como voltar para casa e retomar as coisas como eram/fazer as coisas do mesmo jeito." Isso justifica o ar melancólico que ele mostra durante seu tempo no Condado, após voltar da aventura.

Seguindo o paralelo, quando eu vejo os alunos voltando do exame, raramente eles voltam da mesma forma. Sempre voltam melhores do que foram, independente de terem passado, independente da faixa nova. A experiência e a provação que é somada ao currículo deles fazem com que se tornem pessoas maiores e melhores dentro da academia.

E sábio é aquele que procura transbordar esta mudança para toda a sua vida.

Ah! O nome do post? Em sindarin (língua dos elfos), só para manter o clima...

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Braços Cruzados

Quando começamos nossa prática no Kung Fu, ou mesmo em qualquer coisa nova em nossas vidas, ficamos um pouco inseguros, já que tudo é novidade e há muito para ser explorado.

Entretanto, esta fase de insegurança passa com a mesma velocidade em que estamos abertos para aprender, experimentar novas práticas e explorar como a novidade do Kung Fu, por exemplo, pode trazer benefícios à nossa Saúde.

Mas talvez meio que pelos hábitos de nossa sociedade atual, temos uma certa tendência em temer o novo ou ainda algo que possa nos tirar de nossa zona de conforto, por mais que saibamos que é fora desta zona de conforto que evoluímos.

Com isso, nosso corpo expressa este desconforto e insegurança com uma ação comum: cruzando os braços.

Encontrei neste link uma definição interessante:

"Braços cruzados na frente do corpo - Indicam uma variedade de significados, dependendo da situação. Pode ser uma forma de se resguardar, de se proteger ou de mostrar medo, timidez, força ou poder (uma fortaleza). Como também uma pessoa com os braços cruzados pode, simplesmente, ser fria. De uma forma geral demonstra uma posição defensiva."

Como aproveitar ao máximo o que é oferecido na academia, estando em uma posição fechada?

Teste, arrisque, erre, pergunte, converse, experimente...Tudo isso é Kung Fu! É um eterno aperfeiçoamento prático!

Mas não cruze os braços antes, durante ou depois da aula. Somente quando não estamos na defensiva é que podemos vivenciar uma prática produtiva e enriquecedora.