Na quinta-feira anterior ao campeonato, recebo uma ligação do Mestre com uma "missão": buscar no Terminal Rodoviário da Barra Funda um lutador que estava para desembarcar lá. O lutador tinha lugar incerto para ficar e nem sabia como se movimentar em São Paulo.
Não é uma tarefa fácil se deslocar do Itaim Bibi para a Barra Funda às 18h00, mas consegui encontrar algumas alternativas que me fizeram chegar lá em pouco mais de 40 minutos. Quase um milagre, na minha opinião...
Uma vez no desembarque do terminal, vejo um rapaz alto, caminhando lentamente ao longo da plataforma e na sua camiseta estava escrito "Super Liga Acreana de Kung Fu". Consegui encontrar o Romilson!
Sempre com jeito calmo e fala mansa, a serenidade do Romilson sempre me chamou a atenção pelo contraste com seu tamanho e ferocidade nas lutas. Eu tive a oportunidade de conhecê-lo quando visitei o Acre e já o vi lutando e já arbitrei lutas dele. Tempos difíceis para quem quer que seja seu oponente.
O que mais me chamou a atenção neste episódio foi a vontade de vir e disputar o campeonato. Ele não conseguiu vir junto com o resto do pessoal do Acre, sua mulher Mikelly inclusive. Exceto ele, todos conseguiram uma passagem de avião Rio Branco - São Paulo - Rio Branco. Ao Romilson coube uma passagem de ônibus para o mesmo trecho. Foram três dias e três noites viajando até aqui.
Isso não o impediu de ficar curioso a respeito de São Paulo e de toda a grandeza que a Av. Paulista tem no princípio da noite.
Isso também não o impediu de se divertir no encontro com o restante do pessoal do Acre.
E, claro, a longa viagem não o impediu de ganhar a luta de sua categoria e os R$ 1.000,00. Parte deste dinheiro foi gasto aqui em São Paulo mesmo, com um almoço para o povo do Acre e algumas comprinhas na Liberdade.
Na segunda após o campeonato ajudei-o a ir embora, onde novamente ele enfrentaria três dias e três noites no ônibus, de volta para a casa. Não sem antes deixar uma importante lição para todos que ficaram por aqui, na cidade grande.
O Romilson não deixou a distância e a dificuldade serem desculpas para deixar de vir ao campeonato e fazer o seu melhor. E, meu amigo, ele mora no Acre, o lugar mais Far Far Away do Brasil! Qual desculpa você tem coragem de dar para não fazer algo?
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