Amyr Klink disse uma vez, falando sobre suas longas estadas no mar: "Se você tem uma bússola, você não tem nenhuma". Ao se colocar à prova no mar ou no gelo com apenas um relógio (por exemplo) significa muita imprudência. Se este relógio quebrar você perde a sua referência. Por isso em um planejamento para uma empreitada deste tipo é preciso pensar em sempre ter, no mínimo, dois relógios. O planejamento para este objetivo exige isso.
No livro do Mestre de Yôga De Rose é dito que: “Se você tem um relógio, sabe que horas são. Se tem dois relógios, já não tem certeza”. Afinal, a menos que eles sejam milimetricamente idênticos e calibrados de forma rigorosamente igual (o que é relativamente raro), eles tenderão a se descompassar com o tempo, cada um seguindo a sua marcação do tempo.
Podemos ver que os dois pensamentos acima estão ao mesmo tempo certos e ainda assim, contraditórios. E é sobre este ambiente espinhoso que gostaria de falar: Posso treinar duas artes marciais ao mesmo tempo?
Claro que pode! Ao mesmo tempo, claro que não! Confuso? É para ser mesmo. Por uma razão muitíssimo simples: a falta de um planejamento adequado nas etapas anteriores à fatídica pergunta.
As etapas anteriores são duas, pelo que vejo: análise do ambiente e definição de objetivos.
O ambiente em que você está inserido permite treinar duas modalidades? O ambiente significa:
- ter agenda para isso
- ter condições de lidar com o "preço a se pagar", como eventuais lesões e roxos
- ter harmonia com o ambiente familiar para treinar isso. Ex.: seu pai deixa você lutar?
Entre outras coisas. Além do ambiente ser adequado, é preciso de um objetivo. Por exemplo:
- quero me tornar lutador de MMA
- quero ser um lutador completo E ATUANTE
- outra motivação pessoal FORTE (as do tipo "eu quero porque é muito louco" não contam)
Por que eu meio que "gritei" o ATUANTE? Bem, eu tenho um amigo de longa data que queria ser um bom lutador. Ele treinou Garra de Águia durante alguns anos, depois começou a treinar Wing Chun e passou a treinar um pouco de Jiu Jitsu também. Hoje ele é um sedentário conhecedor dos livros do Bruce Lee que adora aplicar torções nas pessoas durante as festas de final de ano dos amigos e aniversários da família. Super atuante ele...Campeonato que é bom, nada. Treino regular com bons parceiros, nada.
Por outro lado, se você procura uma atividade para melhorar sua saúde, trazer bem estar para sua vida e ainda ter um mecanismo que possa te ajudar a crescer como pessoa, qual a necessidade de se treinar duas artes marciais? Em uma só (e nem precisa ser Kung Fu) você pode obter estes benefícios. Desde que escolha bem a arte e o local de prática.
Lembrando que os lutadores de MMA representam um número reduzidíssimo do total de praticantes de artes marciais. Isso mostra o quão forte deve ser uma motivação pessoal para se enveredar por este caminho.
Claro que intecionalmente neste post, fugi da questão do relacionamento Mestre x Discípulo. Ainda vai levar uns bons anos para poder falar sobre isso com algum conhecimento, neh? =)
terça-feira, 27 de abril de 2010
segunda-feira, 19 de abril de 2010
Bueno, Senna, Hamilton e os fakes
Estava eu vendo o GP da China (gravado e não ao vivo...não parece, mas eu durmo) neste domingo, quando observei um fato curioso na narração do Galvão Bueno. Claro, não vou aqui me deter em eventuais gafes, já que não é o objetivo do post.
O Galvão, durante a transmissão, comentou sobre a atuação do Bruno senna, piloto estreante na categoria, assim como a sua equipe, a Hispania (ou HRT). Para quem não sabe, o Bruno é sobrinho do Ayrton Senna e tem uma bela história de superação e vitória sobre traumas em sua família, que o permitiram chegar na F-1. Ela ainda não provou seu valor totalmente. Isso é muito natural, já que ele mal tem quatro corridas no currículo, sua equipe não tem nome e nem tradição na F-1, apesar de receber apoio de empresas renomadas como a Dallara (que faz o chassi) e a Cosworth (que faz o motor).
Do outro lado, temos Lewis Hamilton. Desde os seus 10 anos de idade ele está sob contrato com a McLaren, uma das mais tradicionais equipes do automobilismo. Toda a evolução de sua carreira foi cuidadosamente planejada por Anthony Hamilton, seu pai e Ron Dennis, o chefão da McLaren. F-3, GP2 (categorias de base) com resultados excelentes e, finalmente, a F-1. A própria McLaren em si é um ícone do automobilismo, seus carros antigamente laranjas e hoje prateados somam vitórias e titulos, nos últimos anos com o finlandês Mika Hakkinen e o próprio Lewis Hamilton.
Ok, ok, até aqui foi meio papo de fã de F-1. Mas o resumo dos nossos personagens é: de um lado, um narrador. Um crítico/demonstrador/especialista que nunca pilotou nada na vida, mas ganha a vida CONTANDO sobre um esporte.
À esquerda do narrador está o piloto estreante na equipe estreante. Ambos novatos, pequenos e sem expressividade em um mundo muito específico e diferente de todo o resto, chamado F-1. Para eles o narrador tem palavras amenas, mais de incentivo e quase dicas do que deveriam fazer. São os "coitadinhos", as "queridinhas" do grid. Merecem e precisam de proteção. Praticamente não erram, apenas cometem deslizes típicos dos pequenos neste mundo duro e cruel. Deslizes do tipo quebrar o regulamento e ajustar um câmbio sabendo que isso era proibido sem a presença de um fiscal.
À direita do narrador está o jovem campeão, posicionado na equipe grande. Para este grupo, as palavras já são mais duras. Se o piloto é agressivo, busca ultrapassagens, é "arrojado". Se comete alguma falha, diz que "pagou pelo excesso de arrojo". Se ocorre qualquer falha mecânica, a equipe
está "sentindo a pressão", ou comentendo um "erro imperdoável" de estratégia. Resumindo, qualquer deslize precisa e merece uma crítica. Qualquer acerto ou conquista é normal.
Imagino que o leitor está se perguntando agora: tá Danillo, e daí? Bem, é simples: troque o Galvão pelo nome do fake do momento que você já viu no orkut, em alguma comunidade. Troque o (Bruno) Senna por qualquer academia pequena e/ou pouco conhecida e troque, por fim, o Hamilton pela TSKF. Agora você tem o quadro completo do que eu quero dizer.
Antes que os leitores de fora da TSKF mandem me espancar, não estou dizendo que uma academia pequena ou pouco conhecida não pode ter sucesso ou se tornar grande (pelo contrário). Mas resolvi aqui abordar uma visão da coisa. Outras visões existem e podem ser feitas também.
O Galvão, durante a transmissão, comentou sobre a atuação do Bruno senna, piloto estreante na categoria, assim como a sua equipe, a Hispania (ou HRT). Para quem não sabe, o Bruno é sobrinho do Ayrton Senna e tem uma bela história de superação e vitória sobre traumas em sua família, que o permitiram chegar na F-1. Ela ainda não provou seu valor totalmente. Isso é muito natural, já que ele mal tem quatro corridas no currículo, sua equipe não tem nome e nem tradição na F-1, apesar de receber apoio de empresas renomadas como a Dallara (que faz o chassi) e a Cosworth (que faz o motor).
Do outro lado, temos Lewis Hamilton. Desde os seus 10 anos de idade ele está sob contrato com a McLaren, uma das mais tradicionais equipes do automobilismo. Toda a evolução de sua carreira foi cuidadosamente planejada por Anthony Hamilton, seu pai e Ron Dennis, o chefão da McLaren. F-3, GP2 (categorias de base) com resultados excelentes e, finalmente, a F-1. A própria McLaren em si é um ícone do automobilismo, seus carros antigamente laranjas e hoje prateados somam vitórias e titulos, nos últimos anos com o finlandês Mika Hakkinen e o próprio Lewis Hamilton.
Ok, ok, até aqui foi meio papo de fã de F-1. Mas o resumo dos nossos personagens é: de um lado, um narrador. Um crítico/demonstrador/especialista que nunca pilotou nada na vida, mas ganha a vida CONTANDO sobre um esporte.
À esquerda do narrador está o piloto estreante na equipe estreante. Ambos novatos, pequenos e sem expressividade em um mundo muito específico e diferente de todo o resto, chamado F-1. Para eles o narrador tem palavras amenas, mais de incentivo e quase dicas do que deveriam fazer. São os "coitadinhos", as "queridinhas" do grid. Merecem e precisam de proteção. Praticamente não erram, apenas cometem deslizes típicos dos pequenos neste mundo duro e cruel. Deslizes do tipo quebrar o regulamento e ajustar um câmbio sabendo que isso era proibido sem a presença de um fiscal.
À direita do narrador está o jovem campeão, posicionado na equipe grande. Para este grupo, as palavras já são mais duras. Se o piloto é agressivo, busca ultrapassagens, é "arrojado". Se comete alguma falha, diz que "pagou pelo excesso de arrojo". Se ocorre qualquer falha mecânica, a equipe
está "sentindo a pressão", ou comentendo um "erro imperdoável" de estratégia. Resumindo, qualquer deslize precisa e merece uma crítica. Qualquer acerto ou conquista é normal.
Imagino que o leitor está se perguntando agora: tá Danillo, e daí? Bem, é simples: troque o Galvão pelo nome do fake do momento que você já viu no orkut, em alguma comunidade. Troque o (Bruno) Senna por qualquer academia pequena e/ou pouco conhecida e troque, por fim, o Hamilton pela TSKF. Agora você tem o quadro completo do que eu quero dizer.
Antes que os leitores de fora da TSKF mandem me espancar, não estou dizendo que uma academia pequena ou pouco conhecida não pode ter sucesso ou se tornar grande (pelo contrário). Mas resolvi aqui abordar uma visão da coisa. Outras visões existem e podem ser feitas também.
segunda-feira, 12 de abril de 2010
Você (realmente) está fazendo o seu melhor?
Acredito que todos saibam á esta altura que estou alocado agora na unidade Vila Madalena. Isso me proporcionou a oportunidade de trabalhar novamente com o Osvaldo, uma vez que já tínhamos atuado juntos na Matriz.
Creio que a maior diferença que pude observar nele é a adoção de um "mantra", que ele repete sem descanso em todas as aulas mais puxadas, como as de Campeonato e Especiais: "Dê sempre o seu máximo".
E isso é algo a ser mantido sempre em mente ao treinar: dar o seu melhor, buscar o seu limite, tentar descobrir qual é o máximo. Procurar, em seus básicos, fazê-los sempre de forma correta, firme e precisa. Trabalhar a força, velocidade, pontaria, balanço e definição em suas formas. Praticar a força, técnica e destreza nas aplicações. Mas trabalhar tudo isso com este espírito em cada aula não é o bastante para ser um artista marcial, na minha visão.
Dar o máximo vai além da área de treino. Dar o máximo de si, signifca ser melhor em cada movimento! Prestar a devida reverência ao entrar e sair da sala de treino. Cuidar de sua presença nos treinos, com frio, calor e/ou chuva. Cumprimentar os colegas de treino da forma adequada. E não vamos ficar apenas na "vida da academia"! Você se alimenta "dando o seu máximo"? Come de forma adequada e com a regularidade necessária? Bebe água na quantidade certa? Cuida do seu sono e do asseio pessoal?
Não vamos nos limitar apenas à nós mesmos. Dirigimos da forma adequada no nosso caótico trânsito? Nos posicionamos corretamente ao usar o metrô? Andamos de forma prudente pelas ruas? Tratamos todos com quem interagimos com a polidez necessária?
Claro que sei que é quase impossível agir com tanta perfeição ao longo de um dia! Ninguém é perfeito!
Por isso o Osvaldo diz: "Dê sempre o seu máximo".
No final do dia, você sabe que procurou e se esforçou verdadeiramente para fazer o seu melhor. Isso é ser artisita marcial.
Creio que a maior diferença que pude observar nele é a adoção de um "mantra", que ele repete sem descanso em todas as aulas mais puxadas, como as de Campeonato e Especiais: "Dê sempre o seu máximo".
E isso é algo a ser mantido sempre em mente ao treinar: dar o seu melhor, buscar o seu limite, tentar descobrir qual é o máximo. Procurar, em seus básicos, fazê-los sempre de forma correta, firme e precisa. Trabalhar a força, velocidade, pontaria, balanço e definição em suas formas. Praticar a força, técnica e destreza nas aplicações. Mas trabalhar tudo isso com este espírito em cada aula não é o bastante para ser um artista marcial, na minha visão.
Dar o máximo vai além da área de treino. Dar o máximo de si, signifca ser melhor em cada movimento! Prestar a devida reverência ao entrar e sair da sala de treino. Cuidar de sua presença nos treinos, com frio, calor e/ou chuva. Cumprimentar os colegas de treino da forma adequada. E não vamos ficar apenas na "vida da academia"! Você se alimenta "dando o seu máximo"? Come de forma adequada e com a regularidade necessária? Bebe água na quantidade certa? Cuida do seu sono e do asseio pessoal?
Não vamos nos limitar apenas à nós mesmos. Dirigimos da forma adequada no nosso caótico trânsito? Nos posicionamos corretamente ao usar o metrô? Andamos de forma prudente pelas ruas? Tratamos todos com quem interagimos com a polidez necessária?
Claro que sei que é quase impossível agir com tanta perfeição ao longo de um dia! Ninguém é perfeito!
Por isso o Osvaldo diz: "Dê sempre o seu máximo".
No final do dia, você sabe que procurou e se esforçou verdadeiramente para fazer o seu melhor. Isso é ser artisita marcial.
segunda-feira, 5 de abril de 2010
Qual a importância de participar de campeonatos?
Toda importância. Nenhuma importância. Depende do objetivo de cada professor, escola e aluno, separadamente e em conjunto.
Pensando como aluno primeiro...Gosto de participar de campeonatos pq ele serve para eu me testar. Gosto da idéia de testar meu autocontrole, domínio corporal, determinação, técnica, etc, etc. em um ambiente diferente da academia. Poderia fazer a mesma coisa na academia, com ligeiras adaptações? Sem dúvida! Mas é importante sair de uma "zona de conforto" e ver se continuo com a performance que tinha até então.
Uma vez eu vi em algum lugar que participar deste tipo de evento é uma jornada de autodescobrimento. Achei algo muito verdadeiro. Nos primeiros campeonatos que participei, saia do Lei Tai ou da área de Formas e nem conseguia lembrar de nada do que tinha feito, foi como se outra pessoa tivesse feito tudo no meu lugar e eu tivesse ficado do lado de fora, de olhos fechados. Passou um tempo, e mais campeonatos depois, comecei a me perceber fazendo as coisas. Hoje consigo usar o que descubro nas competições para melhorar nos pontos deficientes e fortalecer o que foi bem feito.
Outro aspecto que gosto de aproveitar nas minhas competições é me comparar com os outros! Sim, quero saber se sou melhor ou pior que o outro cara. Ainda assim, não tenho a pretensão de ficar me comparando com pessoas de outras academias. No caso deles, apenas aprecio o show que eles apresentam. Gosto mesmo é de me comparar com o pessoal da própria TSKF. Estudar como eles fazem determinado movimento, posicionamento dos pés e por aí vai. Quero vencê-los e sei que vou precisar evoluir muito em cada evento para conseguir isso. Utopia? Bem provável. Mas é uma fonte de combustível que encontrei para manter sempre minha motivação em alta nisso. Tenho muita consciência de como é a competição de um tiozinho de 32 anos (quase 33) x um jovem de 19 anos. Claro que isso não me impede de me divertir com o assunto.
Para fechar esta visão, há ainda o aspecto social da coisa. Devido à rotina diária, vejo pouco alguns caras formidáveis da TSKF e também de fora. Os campeonatos me permitem encontrar estas pessoas, ouvir e aprender algo, além de fortalecer relacionamentos. Considero importante participar da comunidade de Kung Fu. Como fazer algo e não se envolver com isso? É como ser piloto de F1, ter a Super Licença e só andar de kart com os amigos no final de ano.
Pensando como aluno primeiro...Gosto de participar de campeonatos pq ele serve para eu me testar. Gosto da idéia de testar meu autocontrole, domínio corporal, determinação, técnica, etc, etc. em um ambiente diferente da academia. Poderia fazer a mesma coisa na academia, com ligeiras adaptações? Sem dúvida! Mas é importante sair de uma "zona de conforto" e ver se continuo com a performance que tinha até então.
Uma vez eu vi em algum lugar que participar deste tipo de evento é uma jornada de autodescobrimento. Achei algo muito verdadeiro. Nos primeiros campeonatos que participei, saia do Lei Tai ou da área de Formas e nem conseguia lembrar de nada do que tinha feito, foi como se outra pessoa tivesse feito tudo no meu lugar e eu tivesse ficado do lado de fora, de olhos fechados. Passou um tempo, e mais campeonatos depois, comecei a me perceber fazendo as coisas. Hoje consigo usar o que descubro nas competições para melhorar nos pontos deficientes e fortalecer o que foi bem feito.
Outro aspecto que gosto de aproveitar nas minhas competições é me comparar com os outros! Sim, quero saber se sou melhor ou pior que o outro cara. Ainda assim, não tenho a pretensão de ficar me comparando com pessoas de outras academias. No caso deles, apenas aprecio o show que eles apresentam. Gosto mesmo é de me comparar com o pessoal da própria TSKF. Estudar como eles fazem determinado movimento, posicionamento dos pés e por aí vai. Quero vencê-los e sei que vou precisar evoluir muito em cada evento para conseguir isso. Utopia? Bem provável. Mas é uma fonte de combustível que encontrei para manter sempre minha motivação em alta nisso. Tenho muita consciência de como é a competição de um tiozinho de 32 anos (quase 33) x um jovem de 19 anos. Claro que isso não me impede de me divertir com o assunto.
Para fechar esta visão, há ainda o aspecto social da coisa. Devido à rotina diária, vejo pouco alguns caras formidáveis da TSKF e também de fora. Os campeonatos me permitem encontrar estas pessoas, ouvir e aprender algo, além de fortalecer relacionamentos. Considero importante participar da comunidade de Kung Fu. Como fazer algo e não se envolver com isso? É como ser piloto de F1, ter a Super Licença e só andar de kart com os amigos no final de ano.
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