domingo, 22 de maio de 2011

Sem descer do salto (Parte 2)


Bom, como prometido, hora da segunda parte da matéria.

Nesta, não serão informações capturadas por mim, mas sim, dadas por duas pessoas de grande valor. Ambas são sócias de filiais da TSKF, competem em todos os campeonatos que aparecem, além de serem exemplo quando trata-se da técnica feminina da academia. Seguem agora as entrevistas com Adriana Mucciolo e Thais Luvisotto Lopes.

Primeira Entrevistada:

Nome

Thais Luvisotto Lopes

Idade

25 anos

Tempo de treino

5 anos em agosto

Por que decidiu praticar kung fu?

Na verdade eu nunca procurei o kung fu, o kung fu me encontrou. Estava procurando uma atividade para trabalhar meu corpo e que não fosse maçante. Praticava academia e me cansei, pratiquei 10 anos de natação e me cansei. Até que um amigo meu falou: “Vou treinar kung fu!” e eu: “E kung fu existe aqui no Brasil?” Fui lá ver. Me apaixonei.

Sofreu preconceito quando começou a treinar kung fu?

Bom, um preconceito não muito claro. Ouvia: “Mas como assim kung fu? Porque não praticar um esporte feminino? Natação, ballet, aeróbica”. Mas não sofria tanto preconceito, mas as piadinhas sempre existiam

Quando decidiu se tornar uma professora de kung fu?

Estava na vermelha, indo pra marrom. Eu trabalhava, tinha uma jornada das 7 da manhã até as 17 da tarde, corria para fazer uma hora de aula e logo após ia pra faculdade. Até que um dia observei os instrutores dando aula junto ao mestre e isso me comoveu, pois via alegria, como amavam aquilo. Dar aula, ser rígido e sorrir o tempo todo.

Já sofreu preconceito por parte de alunos?

Ainda não, não dou brecha para isso acontecer. Sou rigorosa na sala de treino, sorrio quando acho necessário e essencial, não mais, justamente por saber que isso pode acontecer. Se eu vejo que um aluno homem não faz exatamente o que eu mando em aula, chamo um instrutor homem para ordená-lo, assim evito um conflito desnecessário, mas sem perder o respeito da minha posição.

Como se sente sendo uma representante feminina em campeonatos?

Sinto que sou uma representante sim, por mais que campeonato me assuste até hoje. Mas eu procuro me motivar bastante para isso, por exemplo, participando pelos times de competição. Quando vi uma mulher competindo pela primeira vez, me encantei! “Quero ser esse tipo de mulher que se expõe, treina e vai lá e dá o seu melhor!”. Nunca me senti uma campeã, mas sei que sou avançada e tem gente que olha, então acaba me motivando a treinar mais para isso. Vendo que outras mulheres também fazem isso, me motiva ainda mais.

Acha satisfatório o progresso da participação das mulheres nas Artes Marciais?

As mulheres estão muito ativas, mas o que permite que a mulher faça é o nosso atendimento. Hoje tenho mais de 40 mulheres na academia. Porque eu sou mulher? Não. Porque eu ofereço o que a mulher quer. Você tem que entender que uma mulher quase nunca quer aprender a “lutar” (combate), e sim, quer se sentir bem. Não quer se sentir excluída por não conseguir fazer um movimento, e sim quer se motivar a fazer melhor. Entrei no kung fu porque amo luta, mas tenho um medo tremendo de me machucar, então sei o que elas passam. Hoje está crescendo muito porque os homens, que é a maioria, está entendendo melhor o que as mulheres querem. Afinal, por que tem tanta mulher na aeróbica? Porque querem emagrecer! E qual é o problema? Eu emagreci no kung fu!

O que acha que deve melhorar na participação das mulheres no Kung Fu?

Elas podem cada vez mais ver como uma luta. Que nem na nossa academia, trabalhamos através de taolus, e temos que ver formas como movimento de luta sempre. Fazemos muitas vezes apenas como coreografias, mas sem violência. Não! Tem que por, tem que mostrar os movimentos de luta como numa luta!

Alguma grande ambição no Kung Fu?

"Tocar a maior quantidade de pessoas que puder, levar felicidade, saúde e bem estar ao próximo, sempre através do Kung Fu".

Uma mensagem para as praticantes de Artes Marciais

Tudo o que vocês buscam está no kung fu. Quer fortalecimento muscular? Nós oeferecemos. Quer emagrecer? Conhecer gente bacana, de bem? Venham e experimentem! Deixem o resto com a gente, o que precisarem, podemos oferecer.



Segunda Entrevistada:

Nome:

Adriana Mucciolo

Idade

30 anos

Tempo de treino

8 anos e meio

Por que decidiu praticar kung fu?

No primeiro momento meu irmão que começou a praticar em outra academia. Além do que eu já achava legal ver filmes, achava bonitos os tipos de movimentos e olhava e falava “quero fazer isso, quero aprender os golpes.” Aí meu irmão parou de praticar e descobri a TSKF, comecei a praticar e adorei.

Sofreu algum preconceito quando começou a praticar Kung Fu?

Por praticar que eu me lembre não. O pessoal às vezes brinca, tem aquele conceito errado sobre bater e perguntam se eu luto com muita gente. Cabe aos praticantes explicar como funcionam as aulas.

Quando decidiu começar a dar aulas de Kung Fu?

Na verdade tive idéia de começar a dar aulas depois que a minha irmã começou a dar aula. Ela começou primeiro que eu, e por vezes eu ajudava os colegas e achava legal. Mas eu comecei por acaso, ainda trabalhava na área de química, e quando estava saindo do lugar que eu estava, meu professor (Eder) apareceu com a oportunidade, conversei com o mestre e fiquei até hoje.

Já sofreu preconceito de alunos?

Sim, no começo. No primeiro ano eu ainda era faixa vermelha e tinham alguns adolescentes e até homens mais velhos que não me acatavam, não me obedeciam. Quando eu falava eles ignoravam minhas ordens e conversavam. Uma vez um outro professor que dava aula comigo deu uma bronca em todos, disse: “A Adriana é uma professora assim como eu, e tem que ser respeitada, independente do sexo”. A partir disso percebi que precisava me impor cada vez mais. Respeito se vai conquistando. Muita gente tem preconceito de mulheres, mas tem que bater o pé e mostrar que é mulher mesmo e que merece respeito.

Como se sente sendo uma representante feminina em campeonatos?

Olha, eu gosto, e por estar há bastante tempo participando, percebi muito o crescimento das mulheres. Quando competia ficava até mesmo decepcionada. Tinham 2, 3 no máximo 4 competidoras. Ganhava medalha por participar sozinha ou com poucas pessoas. E acho legal é competir com mais pessoas, to percebendo que as mulheres estão mais dentro do kung fu e de campeonatos. Quando eu entrei, minha irmã entrou comigo, mas competia no juvenil e eu no adulto, quando ela passou para a mesma categoria que estava, fiquei feliz por ter mais alguém competindo comigo. Acho legal ser uma representante da categoria feminina e observar o crescimento da participação das mulheres.

Acha satisfatório o crescimento da participação das mulheres nas Artes Marciais?

Percebo que está crescendo bastante. Acho que ainda (não só as mulheres, os homens também) acham que o kung fu é porrada, luta, mas está crescendo muito, está sendo bem divulgada. Até porque às vezes as mulheres falam: “Quero fazer kung fu” e o marido, namorado, pai falam: “Isso é coisa de homem, vai fazer outra coisa”, mas é algo que está mudando.

O que acha que deve melhorar na cabeça das praticantes de artes marciais?

Acho que a gente não pode se abater por nenhum tipo de preconceito. Se eu desistisse não estaria onde estou hoje. Devemos nos sentir seguras, ter objetivos e dizer: “eu faço”. Mostrar o que a gente tem, não só no kung fu, mas em qualquer área da vida. Mostrar que temos o mesmo potencial ou até mais que o homem. Tivemos aquela luta de queimar sutiãs, de direitos iguais e ainda tá valendo. Na prática esportiva, mesmo que biologicamente falando não sermos iguais aos homens, temos o mesmo potencial, só se dedicar.

Alguma ambição dentro do Kung Fu?

Atualmente quero crescer como atleta e abrir mais unidades da TSKF, me expandir cada vez mais!

Uma mensagem para as praticantes de Kung Fu

O que eu gostaria de passar para as mulheres praticantes é: Sejam confiantes, fortes. Que as mulheres têm uma força interior bem grande, para desenvolverem isso e mostrar o potencial que a gente tem! Seguir e cumprir todas as metas que estabelecermos!


Como podem observar, duas grandes representantes fecham esse post que foi feito para as mulheres. Devo admitir que achei muito interessante pesquisar sobre tudo isso, aprendendo diversas coisas no caminho, principalmente quanto ao tratamento para se ter com minhas alunas.

Em nenhum momento esse post foi feito com a intenção de ser feminista, mas sim, mostrar um pouco mais a visão de uma minoria que só conseguiu seu lugar há pouquíssimo tempo na sociedade.

Caso tenham sugestões sobre outros assuntos interessantes a serem pesquisados, pode mandar para meu e-mail (viniciusmiranda@tskf.com.br) ou em qualquer comentário daqui!

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Sem descer do salto (Parte 1)

Essa semana num desvario que tive, comecei a me perguntar a origem da exclusão de vários tipos de minorias ao longo do tempo (lembrando que esse termo vem como minoria pela exclusão social, não pelo número), e um grupo em particular me chamou a atenção pela participação histórica: o grupo das mulheres.

Ao longo dos anos foram raríssimas as sociedades de base matriarcal. A mulher nada mais era do que um objeto para dar continuidade à família, assim como criar os filhos nos primeiros anos de vida. Baseado nisso acabei por pesquisar a participação das mulheres ao longo dos séculos, e realmente, a contribuição delas na sociedade sempre foi mínima.

Em Atenas, na era Clássica (foquemos em torno do século V e VI), as mulheres mal saíam de casa. Sua educação era dada pela mãe e pela avó, servindo apenas para educar as futuras mulheres da família. Mal havia o direito de educar os filhos homens. Em Esparta já era um pouco mais diferente, tinham o direito de jogos públicos e treinamento militar, contudo, era somente pela crença de que uma mulher mais forte daria filhos mais fortes aos seus maridos.

Agora viajando alguns séculos, vamos para a Idade Média (por volta do século XI) O cristianismo (consideremos que a religiosidade era uma peça fundamental da cultura da época) personificou a mulher como um ser de tentação, já que são descendentes de Eva (responsável pela queda da humanidade). Nas pregações era exaltado que a mulher era a própria personificação da tentação. Então foi instituído o matrimônio monogâmico, com o principal objetivo de restringir a mulher a um só parceiro, e também o papel do homem “educar” sua esposa, a fim de ter uma vida pura e castra.

Avançando um pouco mais, vamos para o século XVIII, Revolução Industrial. A mulher já tem o direito na sociedade moderna do trabalho fabril remunerado. Tanto que, em épocas de crise, eram contratadas mulheres para substituir a mão de obra masculina, pelo custeamento ser mais barato. No século XIX já começaram as reivindicações das mulheres por jornadas de trabalho igualitárias, assim como direito ao voto.

No Brasil, a partir da década de 70 que as mulheres passaram a participar mais efetivamente no mercado de trabalho, em áreas variadas. Em 1988 conseguiu igualdade jurídica. A partir de 90 já eram comuns famílias matriarcais. Muitas mulheres levavam jornadas duplas (trabalho + família). Hoje em dia é ainda mais comum isso. As mulheres se mostram capazes de muitas vezes, sem os maridos, sustentarem-se, assim como criar um filho, assim como estudar e assim como manter a beleza, saúde e bem estar.

Agora vem a questão: Todo esse papo vem por qual motivo?

As mulheres estão ganhando cada vez mais espaço na sociedade, e sexo frágil já é coisa de um passado imaturo. Numa aula que fiz na unidade da Vila Madalena deu até orgulho em ver que a grande maioria das participantes eram mulheres (Se não me engano haviam três homens e sete mulheres. Coisa que o próprio Danillo disse ser normal naquele horário). Ver mães de família se importarem com saúde, beleza e desenvolvimento mental, ainda enquanto logo após a aula vai buscar o filho na escola. Ou famílias que treinam juntas.

A participação das mulheres nas artes marciais têm deixado uma rastro de beleza único, tanto que vemos uma combinação perfeita de firmeza, aplicabilidade da coreografia, assim como a sutileza, postura e leveza que apenas as mulheres possuem.

Essa é a primeira parte do post. Na segunda colocarei aqui duas entrevistas feitas com duas participantes femininas no Kung Fu, não percam!

terça-feira, 17 de maio de 2011

Numb3rs

Como qualquer outro ser humano, me sinto meio chateado às vezes com coisas que vemos acontecer. E gosto da idéia de "digerir" essas coisas por algum tempo, para tentar aprender algo e aprimorar meus pensamentos para lidar melhor com situações semelhantes no futuro. Você pode dizer que é como um treino de "Kung Fu mental", ou algo assim. Construir uma estrutura forte para suportar melhor as adversidades.

Lembrei deste comercial da Coca Cola que é bem positivo e creio que muitos já o tenham visto.


Resolvi ver no Google se aqueles resultados que aparecem aos 00m43s eram verdadeiros:

Amor: 552.000.000 resultados
Medo: 30.400.000 resultados

Daí me empolguei (meio chateado mode off) e resolvi buscar outras palavrinhas:

Disciplina: 32.500.000 resultados
Indisciplina: 3.620.000 resultados

Respeito: 24.800.000 resultados
Desrespeito: 1.740.000 resultados

É. Realmente há muitas razões para acreditar que os bons são maioria... =)

sexta-feira, 13 de maio de 2011

A Tal da Saúde e do Bem-estar

Por: Sandro Conte Febras
Quando se falava em saúde, algumas décadas atrás, fazia-se referência quase que exclusivamente a uma única entidade na sociedade. O médico. O papel do médico na formação da sociedade brasileira foi definitivo na mudança sócio-cultural no que diz respeito ao estilo de vida.
Com os avanços da Revolução Industrial aglomerou-se abruptamente um maior contingente no meio urbano. O estilo de vida do ex-trabalhador rural, ativo, passou a cada vez mais se tornar sedentário.
As várias doenças hipocinéticas (por falta de atividade física, como obesidade, hipertensão, altos níveis de colesterol, etc.) foram fruto dessa mudança brusca que sofreu o costume dos cidadãos.
O próprio sistema expropriou o que o homem mais tinha de valioso, a força de trabalho. Trabalhadores sedentários significavam trabalhadores fracos e doentes, e com isso mão-de-obra pouco eficiente.
Aí que entrou o papel do médico. Com a ajuda da mídia e do Estado ele foi relacionado ao membro mais sublime da sociedade, pois curava aquilo que impedia o capitalismo de crescer, proporcionando saúde à massa e conscientização de um estilo de vida mais ativo.
Aos poucos, percebeu-se que não só as doenças criam a falta de sanidade no ser humano. Precisávamos de corpos fortes, mentes tranquilas, e pessoas felizes. Esses fatores positivos eram vistos com maior eficiência na produção inserida na lógica desse sistema.
A conscientização da nova tendência de saúde começou a acoplar novas ciências ao seu tratamento. Nutrição, fisioterapia, psicologia e educação física. Nesse momento (final do século XX) não se falava mais em saúde para evitar doenças, mas sim em saúde física, mental, emocional e social, sendo assim, estar com o corpo condicionado e com boas capacidades físicas, estar emocionalmente equilibrado, ter uma boa relação com as pessoas de seu convívio e estar satisfeito consigo mesmo.
Para alcançar este Ser inteiramente saudável em todos os componentes era preciso uma interação utópica de vários fatores que afetariam mais uma vez o estilo de vida das pessoas.
Essa foi a fase de ouro da prática de atividade física. Pois praticar exercícios evitava o surgimento de doenças, melhorava a aptidão física, promovia o relaxamento e prazer e ainda influenciava nas relações sociais e emocionais das pessoas.
Com o avanço da ciência e o aumento das pesquisas e estudos sobre as tendências da atividade física, um novo conceito foi atribuído a sua prática. O fornecimento do bem-estar.
As relações de trabalho de um mundo cada vez mais agitado transformaram as pessoas em acumuladoras de estresse. A tensão (estresse) da vida contemporânea, advinda de várias partes da insatisfação pela rotina, faz com que as pessoas mesmo que fisicamente saudáveis, psicologicamente apresentassem quadros patológicos e esgotamento do prazer.
Até hoje em dia, a promoção da saúde aliada ao bem-estar social, emocional, físico, mental e espiritual, faz referência aos programas de treinamento que buscam aliviar os fatores estressantes, melhorar as relações sociais, fazer com que o aluno se aceite como é, além de cuidar de sua aptidão física. Em fim, equilíbrio em todos os sentidos que fortalecem constantemente a energia pessoal de cada praticante.


Para você pensar: Qual o papel da TSKF na promoção da saúde e no bem-estar? Você consegue perceber que além de fisicamente, praticando o Kung Fu ou o Tai Chi Chuan da TSKF seu corpo fica mentalmente e emocionalmente saudável?

Bibliografia:
• GUISELINI, Mauro - Aptidão Física, Saúde, Bem-estar – Fundamentos Teóricos e Exercícios Práticos – Phorte 2ªed. São Paulo, 2006;
• SOARES, Sandra Della Fonte, LOUREIRO, Róbson – A Ideologia da Saúde e a Educação Física – Ver. Brasileira de Ciências do Esporte, Rio de Janeiro, 1998;

terça-feira, 10 de maio de 2011

Fast Food

Quando comecei a trabalhar, consegui meu primeiro emprego no McDonald´s. Quando você começa lá, gradativamente vai aprendendo a trabalhar nas diversas "estações" do restaurante: fazer batatas, tirar refrigerantes, chapeiro, cuspir na comida do cliente chato, caixa, etc. Uma delas era a minha favorita e chamava-se "Produção".

Antes de detalhar a Produção, vamos ver um exemplo do processo de fabricação do Big Mac, do Hamburger e do Cheeseburger. Estes três lanches saiam da mesma "linha de produção" e demoravam cerca de 1m30s para ficarem prontos. Isso incluia o tempo de preparo do pão, da condimentação dos lanches e da carne. Hoje em dia o processo é até mais rápido, devido à uma nova tecnologia nas chapas.

Os lanches finalizados eram enviados então para a pessoa da Produção, que os embalava, colocava um prazo de validade neles (10 minutos) e disponibilizava na estufa que vemos para o pessoal do atendimento pegar e montar os pedidos dos clientes.

Mas o cara da Produção não tinha apenas o trabalho de embalar lanches e colocar na estufa, ele tinha que observar o movimento da loja e, em conjunto com uma projeção de consumo para o horário, dizer para cada estação de lanches o quanto elas deveriam produzir, em que ordem e qual quantidade.

Assim, um exemplo de comando para a produção dos nossos três lanches seria "2 de 4 por uma de 8 na puxada". Traduzindo: seriam produzidas duas rodadas de 4 Big Macs por bandeja e depois disso uma rodada de 8 Hamburgers ou Cheeseburgers por bandeja. As bandejas devem ser produzidas uma por vez (a "puxada").

O ritmo de produção pode ser modificado para permitir que duas rodadas ou até três rodadas sejam produzidas quase que simultaneamente, para atender uma grande demanda.

Quando eu estava aprendendo a chamar Produção, vez ou outra acabava um lanche e eu mudava a ordem de produção para suprir a falta do lanche em questão. Não foram poucas vezes que isso resolveu o problema imediato, mas apenas para faltar outro lanche que eu tinha tirado da prioridade de produção. Até que eu era rápido para corrigir isso, mas alguns gargalos para atender os clientes acabavam acontecendo em um intervalo de meia hora ou vinte minutos, quando o restaurante estava mais cheio.

Como era novato, eu informava muito o Gerente de Cozinha o que estava acontecendo. O Sérgio sempre foi muito comunicativo e me fazia muitas perguntas o dia todo:

_Danillo, por quê você está "chamando" só Big Mac?
_Ah Sérgio, tá faltando aqui na estufa e os caixas estão precisando de mais três!

Passavam-se uns minutos e eu mudava o esquema de produção...Lá vinha o Sérgio:

_Danillo, por quê agora está indo só Chesseburger?
_Pô Sérgio! Só tem um Chesse na estufa e uma menina vendeu seis para uma família!

Após uns (poucos) dias nisso, o Sérgio me chamou para conversar e me ajudou a resolver esta situação. Ele disse:

"Danillo, você até está fazendo as coisas direito na Produção, mas precisa aprender uma regra básica não só para a Produção, mas para qualquer outra coisa. Nunca compense um erro com outro erro. Não faça o erro de parar de produzir Chesseburger só porque acabou o Big Mac. Arrume o erro da falta de Big sem criar um novo problema para você 5 minutos depois."

Ainda hoje procuro lembrar desta lição do Sérgio: nunca compense um erro com outro erro. Ainda hoje sei que falho eventualmente em seguir esta lição, mas com certeza tenho ela mais em evidência atualmente.

Às vezes vejo as pessoas errarem no cuidado consigo mesmas e acabarem doentes e sem vir treinar por uns dias. Quando voltam, querem fazer duas aulas logo em sequência no primeiro dia de retorno, "para recuperar o tempo perdido". Daí somem de novo devido às dores do treino puxado para um corpo desacostumado...

Vejo pais que dão tudo para o filho por cometerem o erro de não darem seu tempo ao filho ou mais: dão ao filho o que ele quer e não o que ele precisa.

Todos nós podemos praticar essa máxima de não compensar um erro com outro erro. Ao invés de usarmos nosso esforço fazendo o contrário do primeiro erro, causando eventualmente um novo erro, devemos aprender que a melhor correção muitas vezes é fazer o esforço à frente.