terça-feira, 28 de setembro de 2010

Sushi

Neste final de semana, fizemos uma demonstração de Dança do Leão e Kung Fu na Festa das Nações em uma escola de inglês pertinho da Matriz. Foi uma experiência muito interessante observar como podemos, como artistas marciais, influenciar as pessoas que estão à nossa volta.

Depois de terminada as apresentações, fomos convidados a experimentar as diferentes comidinhas disponíveis, representando os diversos países. Naturalmente, acabamos na comida japonesa, feita pela nossa aluna da Matriz Nozomi (ouvi dizer que a filhota dela ajudou a fazer tb...).

Percebi ao meu lado, um garoto de uns 10 anos mais ou menos, bem curioso a respeito das nossas roupas, armas e conversas. O Brian tinha um olhar bem vívido e uma cara de sapeca típica dos garotos desta idade, apesar de ser meio tímido com as palavras. Ele se mostrou especialmente curioso no meu prato de comida com alguns sushis que eu comia. Ele olhava meio que intrigado entre a forma de comer com os hashis e o que diabos eu estava comendo...

Perguntei se ele já tinha comido sushi alguma vez e ele disse que não e balançou a cabeça em negativa. Perguntei se ele já tinha comido com "pauzinhos" alguma vez e novamente veio a negativa. Dado o espaço que tínhamos e pelo fato de eu não ter uma grande habilidade com hashis, disse a ele que não poderia ensiná-lo a comer com os hashis naquele dia, mas, se ele quisesse, poderia experimentar um dos meus sushis e, se não gostasse, não precisaria comer tudo...

Ele ficou com um cara de aceita-não-aceita e nisso, os rapazes (Antonio, Luiz Fabiano, Osvaldo, Anderson e William) já me zoando, dizendo que eu estava assustando o garoto e o ameaçando...Bem, resolvi deixar isso de lado e peguei um sushi e levei à boca do Brian (ah sim, usei um hashi novo viu mamãe-do-Brian?), que prontamente deu uma mordida no sushi e fez cara de quem gostei-não-sei-se-gostei. Crianças são difícies de entender às vezes...Fiz ele acabar de comer o sushi e perguntei se ele tinha gostado. Ele balançou a cabeça, dizendo que sim. Mas fiquei na dúvida se tinha dito isso para ser educadinho ou se realmente tinha gostado.

No momento, deixei isso de lado um pouco e me voltei para minha refeição, já que o Antonio estava comendo quase tudo e não ia sobrar nada para mim...Depois da refeição, começamos a juntar nossos equipamentos, trocar de roupa e nos despedir do pessoal.

Na saída, percebi que o Brian estava sozinho no lugar que eu estava anteriormente, com um sushi na boca e outro na mão e, desta vez, REALMENTE estava com cara de que estava curtindo aquela comida diferente. Antes que perguntem, tinha um outro pote com sushis que o Antonio não tinha visto...

Mas o ponto pricipal que quero dizer é que tive a oportunidade de ajudar o Brian a descobrir como a cozinha japonesa pode ser boa. Daqui há alguns anos, talvez, ele poderá levar alguma aspirante a namorada para jantar em um restaurante japonês e provavelmente nem vai se lembrar de mim. Mas o ensinamento e a experiência que compartilhamos, ainda que simples, estarão com ele.

Como você tem influenciado outras pessoas ultimamente? E mais: como você tem deixado o Kung Fu influenciar você para um novo modo de pensar e agir?

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Porque ser bem sucedido



Jesus Cristo, Mahatma Gandhi, Buda, Pelé, Lula, Bill Gates, Donald Trunp, Bruce Lee, Jakie Chan, Jet Li, Airton Senna etc.

Afinal de contas, o que essas pessoas têm em comum. Posso dizer que pelo menos duas coisas.

1 – Todos eles foram ambiciosos o suficiente e, portanto, bem sucedidos no que desejaram.

2 – Todos eles além de bem sucedidos conquistaram milhões de admiradores e seguidores.

Sou capaz de dizer que o que mais impede o desenvolvimento do Kung Fu no mundo é exatamente a aversão que a maioria dos praticantes e mestres tem da ambição e do capitalismo e da noção errada do que eles pensam ser tradição, isso ocorre principalmente por ignorância a respeito do que essas coisas realmente significam, sem contar é claro na total falta de espírito empreendedor e empresarial.

Para a grande maioria dos professores e praticantes, ter ambição soa como pecado ou alguma coisa muito errada que não deveria existir no meio das artes marciais. Onde começou esse pensamento e essa cultura eu não sei dizer, posso apenas imaginar.

Fico pensando se o fato da maioria dos mestres não conseguirem ser bem sucedidos monetariamente falando não os levam a incutir na cabeça de seus alunos que isso é errado, talvez até mesmo inconscientemente, por medo de que eles consigam aquilo que eles mesmos foram incompetentes pra conseguir. Acredito que esse tipo de pensamento passado de mestre pra aluno vem gerando uma reação em cadeia que tem prejudicado muito o crescimento da nossa arte.

Refletindo um pouquinho mais, eu fico pensando por que diabos a gente estuda do primário até a faculdade. Será que faríamos isso sabendo que no final de tudo, a única coisa que conseguiríamos seria apenas receber o salário mínimo suficiente pra sobreviver ou porque na verdade desejamos um pouco mais. Digo isso porque é exatamente o que ocorre com o Kung Fu, treinam-se anos a fio pra um dia desistir porque não chegou a lugar nenhum.

Nesses últimos trinta anos observo que a maioria dos alunos de kung fu desiste em duas fazes muito críticas para o crescimento de nossa arte. A primeira onde a grande maioria desiste é nos primeiros três meses de treino, exatamente quando o kung fu ainda não é gostoso, quando ainda lhes doem o corpo por falta de condicionamento físico e quando ainda não se acostumaram com a disciplina um pouco mais rígida. A segunda é quando o aluno já se tornou muito antigo e percebe que seus mestres mal conseguem sobreviver dando aulas, então, decide que não quer o mesmo pra sua vida e seguem carreira em outra área, afinal de contas, todos querem ter condições de ter seu carro, sua casa e sustentar sua própria família.

Ao contrário do que muitos pensam, fazer bem pra nossa arte é se tornar bem sucedido. Fazer bem para a nossa arte é fazer o que fizeram Bruce Lee, Jakie Chan, Jet Li e os cineastas e empresários que os ajudaram a serem famosos e bem sucedidos colocando-os no cinema para que o mundo todo pudesse ver.

O mundo segue os heróis e os bem sucedidos, ninguém vai querer seguir o Zezinho ou aquele mendigo da esquina. É por essas e outras razões que precisamos urgentemente mudar essa cultura maldita de pobreza dentro do kung fu. É por isso que urge que ajudemos a formar pessoas bem sucedidas e ricas em nossa arte para que nossos filhos possam ter os seus heróis e possam querer seguí-los e fazer o mesmo que eles.

Formar pessoas e torná-las bem sucedidas, sempre foi e sempre será uma de minhas metas e certamente é uma das minhas grandes fontes de prazer e felicidade. Nada me deixa mais feliz do que ver meus alunos sendo bem sucedidos como sócios de minha organização.

Se eu tivesse que dizer alguma coisa pra vocês pra fazer com que nossa arte cresça, eu diria simplesmente; sejam bem sucedidos, façam sucesso, sejam ricos e felizes ensinando kung fu. Isso certamente desenvolverá a nossa arte pois o mundo segue os bons e os campeões.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Além da área de treino

Um dos diferenciais em treinar Kung Fu reside em aproveitar os ensinamentos para diversas áreas da vida, desde que vc mantenha a mente aberta para isso.

Exemplo: desenvolver a determinação em ficar na Resistência por 1 minuto ou executar os fundamentos da faixa branca com a postura mais baixa. Esta determinação, praticada em um exercício físico pode ser tranquilamente transportada para seu trabalho ou qualquer outra área que vc precisa de uma "injeção de determinação".

Mas podemos, com o devido tempo e experiência, transportar o ensinamento físico para outra área também física.

Neste final de semana, a TSKF esteve na Maratona de Revezamento Pão de Açúcar, com uma equipe de 4 atletas e outra equipe de 8 atletas. As unidades Guarulhos, Casa Verde, Itaim e Vila Madalena marcaram presença na prova.

Tivemos a participação especial do meu pai também, que à esta altura, muitos dos alunos já sabem que ele corre há bastante tempo e tem o atletismo como seu esporte. Pedi uma ajudinha dele para nos orientar ao longo do percurso, que o fez correr pouco mais de 30 km, enquanto cada um de nós correu 5,2 km.

Ao término da prova, levando meu pai em casa ele comentou que todos os instrutores que correram na mesma equipe dele estavam com uma performance melhor, em relação ao último ano e nos perguntou se tínhamos treinado de uma forma mais específica para este evento. Bem, tivemos que confessar, salvo o Antônio, que não...Mas ele insistiu: "Mas vcs mudaram o treino de vcs, não?".

Foi aí que a Adriana lembrou que estávamos treinando mais pesado desde junho, por causa do nosso exame de faixa e também do campeonato da FPKT, que participamos na semana passada.

Ou seja, conseguimos transportar nosso treino do dia a dia do Kung Fu para outra atividade física. Claro que não fomos os mais velozes da prova, mas tivemos uma performance consistente e superando muitas equipes de corredores que, definitvamente, não fazem Kung Fu.

Se podemos transportar a experiência com os músculos de uma atividade para outra, pq não podemos transportar também as idéias, reflexões e insights do nosso Kung Fu para nosso trabalho e nossos relacionamentos?

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Evolução

Do Aurélio:

"Progresso paulatino e contínuo a partir de um estado inferior ou simples para um superior, mais complexo ou melhor."

"Transformação lenta, em leves mudanças sucessivas."

Quando um novato termina as Posturas Básicas significa o que eu acabei de escrever: termina. Mas não completa. E nunca vai completar. Sabe por quê?

Porque o "completar" significa fazer com perfeição. E, como sabemos, ninguém é perfeito. Ainda assim, o desafio do artista marcial é buscar a perfeição a cada treino e em cada execução de movimento.

E quando este mesmo aluno chegar na faixa roxa? Bem, se ele entendeu a lógica simples acima, as Posturas Básicas dele serão melhores em relação a um novato, mas ainda assim, terá margem para evolução.

Infelizmente, há um erro comum que se pode cometer, já citado pelo nosso Mestre em seu livro. O aluno acha que "já está bom", e ele "já aprendeu". Isso é uma situação traiçoeira para se estar, porque passa a entender evolução como adicionar movimentos novos simplesmente. E Evolução dentro do Kung Fu significa sim adicionar movimentos novos, mas mais do que isso: obter maestria na execução dos movimentos.

Ao executar os Básicos de Socos mais de uma vez por aula, lembre-se que não se trata de repetir algo que já se sabe simplesmente. Trata-se de uma oportunidade de trabalhar uma postura mais baixa, fortalecer mais as pernas, trabalhar a pontaria do soco, praticar a explosão dos movimentos e um giro eficiente de quadril.

Justamente o que é cobrado de um aluno avançado.

Mas se o aluno avançado não pratica isso quando estamos falando do Básico de Socos, isso será feito quando se chega nos Básicos de Lança, uma matéria avançada, que requer muito esforço físico e técnico?